Pinta como eu pinto?
Era dia de festa no reino das tintas. A Tinta Guache resolveu alugar o salão de festas e reunir toda a trupe. Chamou da elite a ralé, não deixou ninguém de fora. Tinha tintas industriais, imobiliárias, escolares. Todas estavam lá. Era perto das onze quando começaram a pintar o sete, e à medida em que o tempo passava, mais cores surgiam (tinta andando pra lá e pra cá, aí já viu, misturou tudo).
Era roxo conversando com azul, verde dando em cima do rosa, vermelho se achando o tal. Uma miríade de cores reunidas com o mesmo intuito: diversão. Por volta da meia noite, chegaram os convidados de longe, que não conseguiram passar despercebidos no meio da pluraridade colorida (perdoem o pleonasmo) da festa. A patota da massa corrida chegou de sopetão e logo de cara mostrou a que veio, o grupo dos vernizes era de longe o mais brilhoso e os seladores vieram pra ficar. A festa transcorria normalmente, todo mundo bebendo do melhor e comendo do mais apetitoso, cada um aproveitando da melhor maneira possível. Tinha até banda tocando: os The Cor (a intenção do grupo era fazer uma analogia aos grandes grupos de outrora - como os The Beatles, os The Who, os The Doors -, juntamente com a famosa expressão "De cor" e é claro, com as cores. Se achavam o máximo pela sacadinha), que entretinha o pessoal com clássicos como "I wanna hold your brush" e a polêmica "Dança do spray". A Tinta Guache, lá pelas tantas, resolveu apimentar um pouco a festa e fez umas ligações. Dentro de poucos minutos, todos tiveram uma surpresa, as garotas ficaram todas molhadas e os caras vermelhos de raiva (exceto pelos homossexuais, que ficaram durinhos - nem uma espátula conseguiria fazê-los voltar ao normal). A mais sensual das luvas de borracha havia chegado na festa, contratada pela Guache, que sorria maliciosamente num canto. Logo foi se apossando da bancada central, e começava a se despir vagarosamente, ao passo em que os The Cor tocavam a mais sensual das canções. As luzes haviam sido desligadas e o clima de euforia tomava conta do salão. Os pincéis fêmeas não hesitaram em partir para cima da Luva, acariciando-a com segundas intenções, e no momento em que a Luva iria começar a despir suas partes inferiores (e mais incitantes, no caso, os dedos), uma barulheira desviou a atenção de todos. Era a turma do mal, os penetras, os rejeitados. A Guache já havia evitado chamá-los para evitar possíveis confusões, porém isto só piorou as coisas. Agressivamente, adentraram os Removedores e as Lixas. Fizeram a festa ao estragar a festa, e iam removendo aqui e lixando lá, removendo lá e lixando aqui. Todos tentavam escapar, mas o líder maléfico ainda não havia dado as caras. Ou melhor, molhado as caras, afinal o líder era nada mais nada menos do que a Água, que já chegou inundando tudo, transformando a festa em uma grande papa química. Não deu nem pra fazer uma aquarela, tamanha a quantidade de agá-dois-ó. No fim, acabou traindo os seus próprios comparsas, afinal a lixa se desintegrou e o removedor teve um fim que fez jus ao seu nome. A própria água deixou de ser água e não suportou a sua condição atual. Foi a maior tragédia do reino das tintas. Mas também uma baita festa.
5 comentários:
E a luva de borracha? ele não espancou a água?, e não vem me dizer que a luva se dissolveu na água que essa não cola.
e depois dessa, nunca mais critico roteiristas hollywoodianos por falhas em seus filmes ;P
não tinha nenhum "bricha" na festa?
uahauhauahu
é, a novela é no rio de janeiro, copacabana, com algumas incursões na bahia.
Cara, usa isso aí e escreve um livro infantil XD
Curti, apesar da luva ter...sei lá, era uma luva de glacê ou qualquer outra coisa que dissolva =p
Mas foi uma boa mudança de final.
vc acha que eu velho no blog ler os seus textos, mas eu entro só pra clicar no adsense
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