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sexta-feira, 23 de março de 2007

Memórias Etílicas - I

Há tantos e tantos anos atrás, mais especificamente na segunda metade da década de noventa, eu vivia uma época dourada. Início de adolescência, paixõezinhas e afins. E é claro, obvia e logicamente, as festas de quinze anos. Como eram belas, tais festas. O recanto dos hormônios em combustão, a esperança de dezenas de garotos desesperados para perder os seus bê-vês, a vitrine dos mais legais e descolados. E também o lugar onde a bebida é liberada. Isso mesmo. Garotos e garotas de quinze anos bebendo a vontade, e adultos nem se importando com isso. Era o paraíso. O Tenis Clube fervia naquele sabado. Eu, ainda não acostumado com saídas noturnas, coloquei a minha melhor roupa. Tentei parecer os caras legais, queridinhos das garotas. Mas as minhas roupas não eram de marca. Não usava Maha, nem Child e nem Cush. Também não tinha acessórios bacanas como cintos e correntes para carteira e muito menos a própria carteira. Mas estava lá, firme forte e sem jeito, tentando não ficar sozinho naquela empreitada. Quem sabe eu beijaria alguém até o final da noite.

E então começou a odisséia etílica. Batidas de maracujá, batidas de côco, cervejas. As batidas eram fracas e cerveja não me agradavam na época, mas bebi mesmo assim. Alguém deve ter conseguido uma garrafa de algum destilado. E então começou: formigamentos por todo o corpo, oscilações involuntárias, desenvoltura. As conversas começaram a tomar outros rumos e as risadas foram ficando fora de controle. Logo estavamos dançando o famigerado bonde do tigrão (era dois mil e um, gente!) e tomando coragem para chegar nas tetéias. Mas a festa ainda estava em sua primeira parte. Logo, um ou outro infeliz se via escorado em alguma parede sem poder fazer nada senão parar de beber. Vidraças seriam quebradas e pais indignados ameaçariam terminar a festa. Porém os fatos principais (para mim, pelo menos) ainda iriam acontecer.

Com o teor alcoólico já acima do limiar socialmente aceitável, me desloquei ao banheiro. Garotos suados em frente aos espelhos se gabando sobre as suas conquistas sexuais, uns mentindo e outros acreditando: "ela tá na minha, cara". O chão já estava poeticamente imundo. Água, bebidas e sujeira juntos dão um aspecto único ao toalete. Já ébrio, fiz algo que me faria entrar para os anais da história do Elias Moreira. Pelo menos na minha geração. Vi, ao entrar no toalete, um pedaço de excremento humano no chão e, em um ato bêbado, assumi a autoria da obra, mesmo não sendo o autor (cof cof). Falei para alguns indivíduos, me arrependendo profundamente na segunda feira seguinte.

Porém durante a festa eu nem dei bola, continuei dançando e caindo e bebendo. Até que em um certo momento, alguém atrás de mim me chama. Era ela, a garota na qual eu gostava na época. A garota que um dia havia sido a minha melhor amiga, mas que por motivos que hoje não compreendo, haviamos brigado. Ela, também alcoolizada, me deu um selinho. A festa parou. Não podia acreditar. Foi o ápice da festa, sem dúvida nenhuma. Apesar de, logo após, ela ter dado selinhos em mais alguns quatro rapazes, foi o ápice. Meia hora depois do ocorrido, vi ela aos amassos com um colega de classe. Fiquei meio transtornado, mas no dia seguinte eu me sentia diferente. Especial. Até voltar para o colégio, na segunda-feira.

O tal ato fecal havia chegado aos ouvidos do professor Edson, conhecido por centenas de estudantes do ensino médio. Fui motivo de chacotas por três anos seguidos. Quando menos percebia, estava encolhido em minha carteira, com vergonha, sendo torturado. "O formiga cagou no chão!", diziam todos. Havia feito uma cagada, com o perdão do trocadilho. Mas era a inexperiência. Hoje as coisas são diferentes, as cagadas são outras. Bebendo e aprendendo.

5 comentários:

Sujeito Oculto disse...

Álcool é foda, a gente faz coisas inacreditáveis. Meu primeiro porre foi terrível, mas já fiz merdas piores depois. Agora, ê ondinha errada que você tirou, hein! Antes tivesse cagado no chão!

Rodrigo disse...

pra mim isso explica praticamente tudo. todos os 'porquês' que me atormentavam já estão claros, organizados e brilhantes em minha estante de dúvidas desfeitas

:D

Rodrigo disse...

de boa, adorei essa primeira parte das memórias e a guardo, ansioso, a próxima ;D

Anônimo disse...

ah sim, o edson tb foi meu prof de geografia...pergunta pra livia.

meu como o PROFESSOR foi saber!?!
xD

Youta disse...

O FORMIGA CAGOU NO CHÃO!
=p

Cara...que merda HAHAHAHAHA