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sexta-feira, 30 de março de 2007

Show

Em meio a anúncios e partidas de International Super Star Soccer Deluxe, ando meio sem tempo e sem vontade para redigir estas gloriosas linhas. Logo, para manter a quantidade de postagens em um nível condizente com o planejado, apelo para recursos como o Youtube e textos de autoria alheia, como é o caso agora. Divirtam-se.

Como me fudi por completo no show dos Los Hermanos.
por Adolar Gangorra

"Voltei para o Brasil há pouco tempo. Vivia com minha família na Inglaterra desde garoto. Estou morando no Rio de Janeiro há uns três meses e agora estou começando a me enturmar na Universidade. Não sei de muita coisa do que está rolando por aqui, então estou querendo entrar em contato com gente nova e saber o que tá acontecendo no meu país e, principalmente, entrar em contato umas garotas legais, né?

Mas foi meio por acaso que eu conheci uma menina maneiríssima chamada Tainá. Diferente esse nome, hein? Nunca tinha ouvido. Estava procurando desesperadamente um banheiro no campus quando vi uma porta que parecia ser a de um. Na verdade, era o C.A. da Antropologia. A garota já foi logo me perguntando se eu queria me registrar em algum movimento estudantil de não sei lá o que. Que bacana! Que politizada ela era! E continuou a me explicar a importância de eu me conscientizar enquanto enrolava em beque da grossura de uma garrafa térmica. Pensei em dizer que estava precisando cagar muito rápido, mas ela era tão gata que eu falei que sim. Tainá: cabelos pretos, baixinha e com uma estrutura rabial nota dez… Aí, acho que ela me deu um certo mole… Conversa vai, conversa vem, ela me chamou para um show de uma banda naquela noite que eu nunca tinha ouvido falar: Loser Manos. Nome engraçado esse! Estava fazendo uma força sobre-humana para manter a moréia dentro da caverna, mas realmente tava foda. Continuamos conversando e rindo. Ela riu até bastante, mas eu, na verdade, tava mesmo rilhando os dentes porque assim ficava mais fácil disfarçar as contrações faciais que eu estava tendo ao travar o meu cu para não cagar ali mesmo na frente dela.

Pensando bem, eu tinha ouvido falar sim alguma coisa sobre essa banda lá na Europa ainda, mas não lembro bem o quê. Ah, acho que vi esses caras hoje no noticiário local dando uma entrevista. Achei que fosse uma banda de crentes tradicionalistas tipo Amish.Todos de barba, com umas roupas meio fudidas. Parecia até a Família Buscapé! Dão a impressão de ser uns sujeitos legais, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o jeito da repórter, como se fosse a fã nº 1 deles, como se estivesse cobrindo a volta do Beatles ou coisa parecida. Não entendi esse jeito “vibrão” de trabalhar. Bom, mas se eu conseguir ficar com o bicho bom da Tainá hoje à noite, já tô no lucro! Marcamos de nos encontrar na entrada do ginásio. Rapaz, acho que tô dando sorte aqui no Brasil!

Ia ser fácil achar essa garota no meio da multidão. Ela se veste de uma maneira estilosa, diferente, bem individual: sandália de dedo, saia indiana, camiseta de alça, uma bolsa a tiracolo e o mais interessante: um óculos retangular, de armação escura e grossa, engraçado até! Depois de uns mil “Desculpe, achei que você fosse uma amiga minha.”, finalmente encontrei Tainá e seu grupo de amigos. Cacete, isso sim é que é moda! Parecia uniforme de escola!

Ela me apresentou suas amigas, Janaína e Ana Clara e seus respectivos namorados, Francisco e Bento. Uma mistura de fazendeiros com intelectuais. Um cara de macacão, de sandália de pneu e com ar professoral. Outro de colete, tênis adidas, óculos e também com ar professoral. Pareciam ser legais, “do bem” como eles mesmo falam… Mas que não me deram muita conversa. “Do bem”, isso mesmo! Gíria nova… Todos aqui são “do bem”. E que nomes tão simples e idílicos! Janaína, Ana Clara, Francisco, Bento e Tainá. Nada de Rogérios ou Robertos. E eu que já tava me sentindo meio culpado por me chamar Washington… Realmente estava no meio de uma nova época da juventude universitária brasileira!

Comecei a conversar com a Tainá antes que a banda entrasse no palco. Aí… acho que tá rolando uma condição até! Quem sabe posso me dar bem hoje? Ela começou a falar de música: “De quem você é fã?”, perguntou. Pô, eu me amarro no George…” Ela imediatamente me interrompeu, dizendo alto: “Seu Jorge? Eu também amo o Seu Jorge!” Puxa, que legal! Ela gosta tanto do George Harrison que se refere a ele com uma intimidade única! Chama ele de “Seu”! Seu Jorge! Isso é que é fã! “Legal você já conhecer ele, hein? Eu sabia que ele ia se dar bem na Europa! O Seu Jorge é um gênio!” , ela emendou. Pô, eu morava na Inglaterra. Como eu não ia conhecer o George Harrison?

Essa eu não entendi…

Depois ela perguntou quais bandas que eu gostava. “Eu curtia aquela banda da Bahia…”.

“Ah, Os Novos Baianos, né?? Adoro também!” “Não, Camisa de Vênus! “Silvia! Piranha!” cantei, rindo. A cara que ela fez foi de quem tinha bebido um balde de suco de limão com sal. Senti que ela não gostou muito da piada. Tentei consertar: “Achava eles engraçados, mas era coisa de moleque mesmo, sabe?” Óbvio que não funcionou… Aí, acho que dei um fora…

Depois, Tainá foi me explicando que o tal Loser Manos é a melhor banda do Brasil, etc., etc., etc., e que eles “promovem um resgate da boa música brasileira”. “Tipo Os Raimundos com o forró?”, perguntei. “Claro que não!”, disse ela meio exaltada! Ela me falou que não se pode comparar os Los Hermanos com nada porque “eles são únicos”, apesar de hoje existirem excelentes artistas já reverenciados pela mídia do Rio de Janeiro como Pedro Luis e a Parede, Paulinho Moska, O Rappa, Ed Motta, Orquestra Imperial, Max de Castro, Simoninha e Farofa Carioca. Ela mencionou também “Marginalia” ou coisa parecida. Foi isso mesmo que eu ouvi? Achei que ela estivesse elogiando eles… Esses foram os nomes artísticos mais escrotos que já tinha ouvido, mas fiquei quieto. Fico feliz em saber sobre essa nova onda musical pois quando sai do Brasil o que fazia sucesso no Rio era Neuzinha Brizola e seu hit “Mintchura”. Ainda bem que tudo mudou, né?

Só depois percebi que o nome da banda é em espanhol: Los Hermanos. Ah bom! Mas se eles são tão brasileiros assim porque não se chamam “Os Irmãos”? Quando saí daqui os nomes de muitas bandas costumavam ser em inglês e até em latim. Ainda bem que essa moda de nomes de bandas em espanhol não pegou no Brasil!

Pelo que me lembro, ao explicar qual é a dos “Hermanos”, ela usou a expressão “do bem” umas 37 vezes e disse que eles falam de romantismo, lirismo, samba e circo. Legal, mas circo? Pô, circo é foda! Uma tradição solidificada nos tempos medievais que ganha dinheiro maltratando animais. Onde está a poesia de ver um urso acorrentado pelo pescoço tentando se equilibrar miseravelmente em cima de uma bola enquanto é puxado por um cara com um chicote na mão? Rá, rá, rá… Engraçado pra caralho! Na boa, circo é meio deprimente. Palhaço de circo só troca tapão na cara e espirra água nos olhos dos outros com flor de lapela e quando sai do picadeiro, vai chorar no camarim. Que merda! A única coisa legal no circo mesmo é quando ele pega fogo! Isso sim que é um espetáculo de verdade! Aquela correria toda, etc. Senti que essa galera se amarra em circo. Não faz sentido se eles são tão politicamente corretos assim, né? E os pobres animais? E eu querendo não passar em branco na conversa com a Tainá, mas não conseguia lembrar de jeito nenhum a única coisa que eu sabia sobre a banda… Cacete…! O que era mesmo?

De repente, uma gritaria histérica! O show tava começando! O ginásio veio a baixo! Perguntei pra ela: “Eles são todo irmãos, né, tipo o Hanson?” Ela disse um “não” esquisito, como se eu tivesse debochando. Todos eles usam uma barba no estilo Velho Testamento e se chamam “Los Hermanos”! O que ela queria que eu pensasse? Após ouvir a primeira música deu pra ver que os caras são profissionais mesmo, tocam muito bem e são completamente idolatrados pelo público, para dizer o mínimo. Fiquei prestando atenção ao show. Pô, as músicas são boas! Dá pra ver uma influência de Weezer, Beatles e Chico Buarque. Esse aí é fodão, excelente compositor mesmo. Lá na Inglaterra conhecia uns caras que eram ligados ao movimento “Dark”, como chamam por aqui. São os sujeitos que gostam de The Cure, Bauhaus, Sister of Mercy, etc. E tem a maior galera aqui no Brasil também que se veste de preto, não toma sol, curte um pessimismo niilista e se amarra nessas bandas. Mas se eles sacassem que o Chico Buarque é o genuíno artista “Dark” brasileiro… Pô, é só ouvir as músicas dele pra perceber: “Morreu na contra-mão atrapalhando o tráfego” ou “O tempo passou na janela é só Carolina não viu”. “Pai, afasta de mim esse cálice, de vinho tinto de sangue” ou “Taca pedra na Geni, taca bosta na Geni, ela é boa pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni”. Tudo alegrão, né? Se eu fosse dark, só ia ouvir Chico Buarque, brother!
Tentei reengatar a conversa dizendo que achava ao baixista o melhor músico dos Los Hermanos. Ela respondeu, meio irritada: “Mas ele não é da banda!” Como eu ia saber? O cara tem barba também! Aí, não tô entendendo mais nada…

Adiante, ela me disse que o cara que ela mais gostava na banda era um tal de Almirante. Depois de alguns minutos deu pra ver que o camarada imita um pouco os trejeitos do Paul McCartney, só que em altíssima rotação. Ele fica se contorcendo feito um maluco enquanto os outros ficam estáticos. É engraçado até! Parece que ele tem uma micose num lugar difícil de coçar! E fica falando e rindo direto. Ele é o irmão gaiato do cara que canta a maioria das músicas, o tal de Marcelo Campelo, como anunciaram no noticiário local hoje. Isso mesmo, Marcelo e Almirante Campelo: “Os Irmãos”! Legal! Já tava me inteirando! Ah, e tem também dois gordinhos de barba que estão lá também, mas devem ser filhos de outro casamento…

Tava um calor desgraçado, coisa que eu realmente não estou mais acostumado. Fui rapidão ao bar pra beber alguma coisa. Comprei umas quatro latas de refrigerante que era o único troço que tava gelado para oferecer para meus novos amigos: “Aí, trouxe umas coca-colas pra vocês!” Ouvi a seguinte resposta: “Coca-Cola? Isso é muito imperialista… Guaraná é que é brasileiro!” Puxa, que pessoal politizado… Isso mesmo, viva o Brasil! “Yankees, go home”, rá, rá! Outro fora que eu dei! Mas, pensando bem, eles não usam o Windows e o Word pra fazer trabalhos da universidade? Ou usam o “Janelas”? Dessas coisas gringas não é tão mole de abrir mão, né? Mais fácil não tomar Coca-Cola! Isso sim que é ativismo estudantil consciente! Posicionamentos políticos à parte, tava quente pra burro, então bebi tudo sob o olhar meio atravessado de todos eles… fazer o quê?

Lá pelas tantas, começou uma música e todo mundo berrou e pulou. Parecia o fim do mundo. Logo nos primeiros acordes, reconheci o som e falei pra Tainá: “Ah, eu sei o que é isso! É um cover do Weezer! Me amarro em Weezer!” Ela olhou pra mim com uma cara indignada e disse: “Que Weezer o quê? O nome dessa música é “Cara Estranho”. Já vi que não gostou de novo… Mas quem sou eu pra dizer algum coisa aqui, né? Porra, mas que parece, parece! Mas o que era mesmo que eu não consigo lembrar de jeito nenhum sobre eles? Acho que conheço alguma outra música deles… Só não consigo dizer qual…

Sabia que se eu quisesse me dar bem logo com a Tainá teria que ser entre uma música e outra pois parecia que ela estava vendo um disco voador pousar enquanto os caras tocavam. Resolvi fazer uma piada pra descontrair, que sempre rola em shows. Quando o Campelo tava falando alguma coisa qualquer, berrei: “Filha da putaaaaaaaaaa!” Pra que? Tainá e sua milícia hermanista me deram uma cutucada monstra na costela que me fez enxergar em preto e branco uns 5 minutos! Pô, todo show alguém grita isso! É quase uma tradição até! Eu me amarro no cara! E é só uma piada! Aí, esse pessoal leva tudo muito a sério! Caralho… Pensei em pegar uma camisinha da minha carteira e fazer um balão e jogar pra cima, como rola em todo show, pra mostrar pra Tainá que eu sou uma cara consciente, tipo: “Aí, Tainazão, se tu se animar, eu tô preparado!”, mas depois dessa vi que senso de humor não é o forte dessa galera…

O tempo tava passando e nada de eu ficar com minha nova amiguinha. Quando fui tentar falar uma coisa no ouvido dela, foi o exato momento em que começou uma outra música. Foi aí que a louca deu um grito e um pulão tão altos que eu levei uma cabeçada violenta bem no meio do meu queixo! Ela não sentiu nada, óbvio, pois estava em transe hipnótico só por causa de uma canção sobre a beleza de ser palhaço ou lirismo do samba ou qualquer outra coisa do gênero. A porrada foi tão forte que eu mordi um pedaço da língua. Minha boca encheu d´água e sangue na hora. Enquanto eu lutava pra não desmaiar, instintivamente enfiei a manga da minha camisa na boca pra estancar o sangue e não cuspir tudo em cima de Ana Claudia e Jandaína or something. Só que estava tão tonto com a cabeçada que tive que me segurar em uma ou outra pessoa pra não cair duro no chão. Foi quando ouvi: “Nossa, que horror! Lança-perfume! Esse playboy tá doidão de lança! Que decadência…” Lança-perfume? Cara, lógico que não! E mesmo que tivesse, todo show tem isso! Mas nesse, não pode. É “do bem”. É feio ter alguém cheirando loló!! Pô, todo show que eu fui na vida tinha alguém movido a clorofórmio. Aqui, não. Que merda…

Babei na minha camisa até o ponto dela ficar ensopada! Fui ao banheiro tentar me recuperar do cacete que tomei. Lavei o rosto e tirei a camisa. Quando voltava passei por uma galera e ouvi resmungarem alguma coisa do tipo: “…e esse mala aí sem camisa…” Porque não se pode tirar a camisa num show? Isso aqui não é só uma apresentação de uma banda? Parecia que eu ainda estava na Europa! Regulões do caralho… E, afinal, o que significa “mala”?

Estava enxergando tudo embaçado e notei que minhas lentes de contato tinham saltado pra longe com a cabeça-aríete de Tainá e esmagadas por centenas de sandálias de dedo. Lembrei que sempre levo um par de lentes extras no bolso. É uma parada moderna que eu achei lá em Londres. Um estojo ultrafino com uma película de silicone transparente dentro que mantém as lentes umedecidas e prontas para uso. Abri o estojo e peguei cuidadosamente a película com as duas mãos e elevei-a contra a luz para conseguir achar as lentes. Estiquei os polegares e indicadores, encostando uns nos outros, para abrir a película entre esses dedos. Balançava o negócio levemente, de um lado para o outro, contra a pouca luz que vinha do palco para conseguir localizar as lentes. Não estava enxergando nada direito! Quando tava lá com as mãos pra cima, fazendo uma força absurda pra achar as lentes, um dos caras legais com nomes simples, me deu um puta safanão no ombro. É claro que o silicone voou longe também… Caralho, minhas lentes! Custaram uma fortuna! Que filho da puta! “Que sinal é esse que tu fazendo aí, meu irmão? Tá desrespeitando as meninas?”
“Que sinal?? Que sinal??”, respondi, assustado!
“De buceta, palhaço!”, apertando o meu braço que nem um aparelho de pressão desregulado. “Você tá no show do Los Hermanos, ouviu? Los Hermanos! Ninguém faz sinal de buceta em um show do Los Hermanos, sacou?”, gritou o tal hipponga na minha cara.

Que viado, eu não tava fazendo nada! Parecia uma freira de colégio! Que lance é essa de buceta? Da onde esse prego tirou isso? As meninas… (Perái! Menina? A mais nova aí tem uns 25!) ficaram me olhando com a cara mais escrota do mundo! A essa altura, já tinha percebido que não ia agarrar a Tainá nem que eu fosse o próprio Caetano Veloso! “Bento”, que nome mais ridículo… Isso aqui é um show ou uma reunião de alguma seita messiânica escolhida para repovoar a Terra?

Caramba, que noite infernal! Tava com a língua sangrando, sem enxergar direito, só de calça, arrotando sem parar e puto da vida porque só tinha aceitado vir aqui por causa de mulher. Estava no meu limite. Isso era um show ou uma convenção do Santo Daime? Que patrulhamento! E, de repente, vejo Tainá e seus amigos olhando pra mim atravessado e cantando a seguinte frase: “Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?” Aí foi demais! Eu me atrevo: Ritmo, melodia e harmonia. Pronto, só isso! Mais nada! Olha só: foda-se o samba, foda-se o circo, foda-se a obsessão por barba da família Campelo e, principalmente, foda-se essa galera “do bem” que está aqui!”

Apesar de tudo, a banda é realmente excelente! O que incomoda mesmo é esse público metido a politicamente correto e patrulhador e a imprensa que força a barra pra vender alguma imagem hipertrofiada do que rola de verdade. Esse climão de festival antigo de música popular brasileira, daqueles com imagens em preto e branco, com todo mundo participando, que volta e meia reprisam na tv, tudo lindo e maravilhoso. “Puxa vida, um novo movimento musical brasileiro!”? “Estamos realmente resgatando a nossa cultura!” ? Que exagero… Ei, é só música pop! MÚSICA POP!

Caralho, finalmente lembrei! Eu conheço uma música deles! Ouvi em Londres!
Numa última tentativa de salvar meu filme com Tainá, na hora do bis, berrei bem alto: “TOCA ANA JULIA!” Só acordei no hospital. Tomei tanta porrada que vou ter que fazer uma plástica pra tirar as marcas de pneu da minha cara! Fui pisoteado! Neguinho ficou puto! Qual é o problema com essa música? Me lembro de estar sendo chutado pela elite dos estudantes universitários brasileiros e da própria Tainá, gritando e me dando um monte de bolsadas na cabeça! Que porra louca! Tentaram me linchar! Ofendi todo mundo! Pô, Ana Julia é uma música boa sim! É um pop bem feito! Se não fosse, o “Seu Jorge” Harrison não teria gravado, né? Se ele não entende de música, quem entende? Me disseram depois que o tal Campelo se retirou do palco chorando, magoado, e o outro irmão mais novo dele, o nervosinho que imita o Paul McCartney, pulou do palco pra me bicar também. Do bem? Do bem é o cacete…

Aí, sinceramente, ainda prefiro o show do Camisa de Vênus.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Horário de trabalho

Momento de descontração em um dia super-produtivo, estressante e olenrfheaawawo.
Não estou afim de escrever. weja\i\]awejgv

Avacalhei.

terça-feira, 27 de março de 2007

Zorak

Eu vou chutar tua cabeça até te arrebentaaaaar
Depois repito a mesma coisa até te esmagaaaaaar
Porqueeeeeee nunca aprendo essa lição?
Abra a porta, idiota.
É o Zorak
Eu vou te estraçalhaaaaaar.

Vocês são idiotas. Eu odeio vocês.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Espelho

Não tenho um filme favorito.
Se me perguntarem agora, não sei responder.
Sempre vejo pessoas no orkut (...) listando e listando seus filmes favoritos. São quilômetros de títulos descritos. Aliás, porque essa mania da gente de querer afirmar tudo? Pra que ficar expondo aos ventos quais os filmes, as músicas e o tipo de batata que gostamos? Pra estabelecer um lugar no círculo de convivências? Se tal pessoa não estiver (ou estiver) na comunidade X, não falarei com ela? Tá, sem orkut nesse papo. As pessoas não podem conviver sem ter algo em comum, pelo jeito.

Na real uma coisa me intriga: porque não guardar pra si os seus gostos? É mesmo preciso ficar nessa auto-afirmação?

Vou jogar minhas camisas temáticas no lixo.

Ops

Só percebi agora:
No texto anterior, tem uma parte que eu digo que a história se passa na segunda metade da década de noventa. Logo depois, digo que é em dois mil e um.
:D

sexta-feira, 23 de março de 2007

Memórias Etílicas - I

Há tantos e tantos anos atrás, mais especificamente na segunda metade da década de noventa, eu vivia uma época dourada. Início de adolescência, paixõezinhas e afins. E é claro, obvia e logicamente, as festas de quinze anos. Como eram belas, tais festas. O recanto dos hormônios em combustão, a esperança de dezenas de garotos desesperados para perder os seus bê-vês, a vitrine dos mais legais e descolados. E também o lugar onde a bebida é liberada. Isso mesmo. Garotos e garotas de quinze anos bebendo a vontade, e adultos nem se importando com isso. Era o paraíso. O Tenis Clube fervia naquele sabado. Eu, ainda não acostumado com saídas noturnas, coloquei a minha melhor roupa. Tentei parecer os caras legais, queridinhos das garotas. Mas as minhas roupas não eram de marca. Não usava Maha, nem Child e nem Cush. Também não tinha acessórios bacanas como cintos e correntes para carteira e muito menos a própria carteira. Mas estava lá, firme forte e sem jeito, tentando não ficar sozinho naquela empreitada. Quem sabe eu beijaria alguém até o final da noite.

E então começou a odisséia etílica. Batidas de maracujá, batidas de côco, cervejas. As batidas eram fracas e cerveja não me agradavam na época, mas bebi mesmo assim. Alguém deve ter conseguido uma garrafa de algum destilado. E então começou: formigamentos por todo o corpo, oscilações involuntárias, desenvoltura. As conversas começaram a tomar outros rumos e as risadas foram ficando fora de controle. Logo estavamos dançando o famigerado bonde do tigrão (era dois mil e um, gente!) e tomando coragem para chegar nas tetéias. Mas a festa ainda estava em sua primeira parte. Logo, um ou outro infeliz se via escorado em alguma parede sem poder fazer nada senão parar de beber. Vidraças seriam quebradas e pais indignados ameaçariam terminar a festa. Porém os fatos principais (para mim, pelo menos) ainda iriam acontecer.

Com o teor alcoólico já acima do limiar socialmente aceitável, me desloquei ao banheiro. Garotos suados em frente aos espelhos se gabando sobre as suas conquistas sexuais, uns mentindo e outros acreditando: "ela tá na minha, cara". O chão já estava poeticamente imundo. Água, bebidas e sujeira juntos dão um aspecto único ao toalete. Já ébrio, fiz algo que me faria entrar para os anais da história do Elias Moreira. Pelo menos na minha geração. Vi, ao entrar no toalete, um pedaço de excremento humano no chão e, em um ato bêbado, assumi a autoria da obra, mesmo não sendo o autor (cof cof). Falei para alguns indivíduos, me arrependendo profundamente na segunda feira seguinte.

Porém durante a festa eu nem dei bola, continuei dançando e caindo e bebendo. Até que em um certo momento, alguém atrás de mim me chama. Era ela, a garota na qual eu gostava na época. A garota que um dia havia sido a minha melhor amiga, mas que por motivos que hoje não compreendo, haviamos brigado. Ela, também alcoolizada, me deu um selinho. A festa parou. Não podia acreditar. Foi o ápice da festa, sem dúvida nenhuma. Apesar de, logo após, ela ter dado selinhos em mais alguns quatro rapazes, foi o ápice. Meia hora depois do ocorrido, vi ela aos amassos com um colega de classe. Fiquei meio transtornado, mas no dia seguinte eu me sentia diferente. Especial. Até voltar para o colégio, na segunda-feira.

O tal ato fecal havia chegado aos ouvidos do professor Edson, conhecido por centenas de estudantes do ensino médio. Fui motivo de chacotas por três anos seguidos. Quando menos percebia, estava encolhido em minha carteira, com vergonha, sendo torturado. "O formiga cagou no chão!", diziam todos. Havia feito uma cagada, com o perdão do trocadilho. Mas era a inexperiência. Hoje as coisas são diferentes, as cagadas são outras. Bebendo e aprendendo.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Chupa a minha rola!

Não assisto Big Brother. Aliás, não tô assistindo esse. Deve ser porque eu não tava por aqui quando começou.
Não vou ser mais um a dar sermões sobre como Big Brother é vazio e acéfalo, etc. Acéfalo ou não, este vídeo é uma pérola. Há entre os homens (a maioria, pelo menos) o temor e o receio de agredir verbalmente uma garota. Muito provavelmente porque ele pensa que se xingá-la, as chances de comê-la diminuem drásticamente. Mas isto não acontece com o Alemão. Ele fez em frente às câmeras o que provavelmente todos os homens já desejaram em algum momento de suas vidas. Confira (mas só os primeiros 20 segundos):

Agora, assista novamente e imagine a sensação de prazer e alívio de Alemão ao bradar tais palavras.
Ps: Este não é um post machista. Juro!

terça-feira, 20 de março de 2007

Só pra entrar no clima.


Dia 13 em Curitiba.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Outdoor em inglês é Billboard

Finalmente estou fazendo a cadeira de Monografia I. Sétimo período da faculdade, quase me formando e tal (apesar das matérias que vou ter de refazer). Mas até agora não li uma única monografia sequer. Talvez por falta de interesse. Muito provavelmente por falta de interesse. Mas vou me iludir, vou me forçar a pensar que foi por falta de tempo.
Pois então neste último sábado peguei uma monografia. Seu título é "Vida e morte do texto publicitário no reino das imagens". Não li ainda, mas o título e a introdução reavivaram um quesitonamento que surge de vez em quando no publicitário: as pessoas lêem anúncios?
Elas, as que não cursam propaganda, reparam nas centenas de páginas multi-coloridas (pleonasmo?), repletas de jogos de palavras que inundam os periódicos impressos?
Publicitário repara em tudo. Ele mal consegue andar pelas ruas sem ter um olhar analítico de every single outdoor que vê. Logo, a sua visão sobre a visão (há) dos outros já não é 100% confiável (existe algo 64,3% confiável? Outro pleonasmo?).
Então peço aos leitores (tenho leitores?quantos parênteses!) não relacionados ao "mundo" da propaganda que deixem uma resposta para este que vos escreve ("este que vos escreve" é um chavão com X maiúsculo, por sinal):

Vocês reparam em propaganda? Vocês lêem os anúncios que saem na Veja? Assistem e prestam atenção aos comerciais em geral, tirando aqueles engraçadinhos da Skol? Qual a opinião de vocês sobre a publicidade?

sexta-feira, 16 de março de 2007

Vai, Planeta!

Imagine todos os heróis de sua vida. Todos. Desde a sua infância.
Super-Homem, Batman, Solid Snake, Jiban, Homem-Aranha, Goku, Link, Luke, Han, Mario, Jaspion, Ranger vermelho, Zorro, Super Mouse, entre milhares de outros.
Em teoria eles vieram ao nosso planetinha para salvá-lo das desgraças diárias. Porém hoje o cenário é outro. Suas aparições destroem ao invés de salvar. Não que eles tenham culpa disso tudo, eles mal sabem que males causam. Com seus impressos, toneladas de tinta e papel vão às bancas todos os dias. Publicações diárias, semanais, mensais. Manuais de instruções, posteres, capas de filmes e jogos. Tinta, tinta e mais tima. Embalagens de brinquedos licenciados e falsificados, embalagens de DVDs, jogos e caixas de cereais. Recursos para diversas transições cinematográficas, energia para colocar em prática a perspectiva do diretor sobre determinado herói. Tudo isso acumulando por algumas décadas.

Milhões de exemplares de Frodos e Bilbos e Harrys no mundo inteiro. Uma infinidade de pessoas deixando seus computadores ligados o dia inteiro, baixando episódios e afins (não apenas de heróis, diga-se de passagem). Algumas dezenas de pessoas escrevendo em seus blogs sobre eles. Algumas outras lendo. Muita energia indo pras cucuias. Poucos recursos pra muita procura. Muita publicidade. Muito desperdício e muita descartabilidade (?). O entretenimento custa caro. Não monetariamente, mas sim "o-planeta-está-morrendomente".

Não quero ser nem parecer um ativista pró-esfriamento-global. Já tá cheio de gente assim por aí (até a Ana Maria Braga está conscientizada e conscientizando!), e acho que pra curto prazo não há mesmo muita coisa a fazer.
E se quisesse dar uma de ativista, estaria sendo hipócrita, pois dia após dia continuo a comprar materiais impressos, passear por Hyrule em cima de um cavalo digital, acompanhar a saga em que Goku derrota um alien em Namekusei (que por sinal sofreu um fenômeno atmosférico e teve toda a sua vegetação pulverizada) e COM CERTEZA estarei nos cinemas vendo Tobey McGuire em um uniforme preto. Mas só queria compartilhar este meu pensamento apocalíptico (...) com vocês.

E olha que um dia achei o discurso do Capitão Planeta piegas. Ele bem que avisou.


"El puder és dy ustéds!"

Algum dia...

Tá começando a melhorar!

quarta-feira, 14 de março de 2007

Filme

Lá vou eu fazer uma resenha medíocre de um ótimo filme para uma aula medíocre.
Em dez minutos.


Ou melhor, sete.

terça-feira, 13 de março de 2007

Oh, Deus!

Sem querer, plagiei (não exatamente, mas há uma bela semelhança) um post alheio em um de meus textos. Fica aqui relatado o meu sentimento de repulsa por mim mesmo, uma vez que não sou fã de cópias e influências descaradas (embora eu muitas vezes faça isso sem me dar conta).

Filosofia viral

Os cultos não têm gripe.
No máximo uma renietzsche.

Acho...

...os meus textos confusos.


Me avisem.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Wii gotta power

Voltei a me apaixonar profundamente pelo entretenimento eletrônico.
Já fazia um bom tempo que isso não me cativava de verdade, mas agora a história é outra. Pelo menos não estou sozinho, tem um monte de marmanjo na ativa, não é uma simples diversão para crianças. Ainda mais com o Wii, que conseguiu tornar isso uma atividade "para todos". Minha lista de jogos a comprar está aumentando, e isso que estamos na leva inicial de jogos. São 5 títulos que almejo no momento. Preciso ganhar mais dinheiro.
Taí a minha mais nova vontade:

Mundinho

Este post é uma resposta ao desafio proposto.

Era uma bela tarde de quarta-feira e Rosângela resolveu sair de sua toca. O sol já não raiava como antes, agora a sua intensidade era infinitamente maior. Mas apesar do clima afetado, ainda era uma bela tarde de quarta-feira. Aproveitou o ânimo que havia no ar para sair de seu inferno pessoal: estava desempregada. Mas não apenas desempregada, ela estava humilhada. A cada rejeição, menor era a sua auto-confiança. A cada portifólio entregue, menos chances ela tinha, e pior ela ficava. Publicitários são assim mesmo, todos tem o ego maior que seus atributos genitais. Ainda mais ela, que era da área de criação. Esses seres insuportáveis, sempre querendo estar acima dos outros, nunca descem de seu pedestal particular e juram que só porque criam anúncios meia-boca para o dentista da esquina são infinitamente superiores e donos da verdade. Patéticos, estes.
Pois não foi que Rosângela topou com a sua sorte dentro de um ônibus? Sim, um mísero e humilde ônibus, objeto de desgosto por ela e pela maioria de seus amiguinhos estudantes de comunicação. Afinal, a pseuso-intelectualidade e o egocentrismo imenso não combinam com o suor trabalhador do povão, já dizia Kant. Ou será que foi Nietzche? Adorno? Canclini? Ah, num sei, vou ver na Wikipédia.
Ela, com a sua bolsa marrom com os dizeres "Publicidade e Propaganda" (todo aluno universitário DEVE comprar uma mala com o nome de seu curso, é a lei suprema e imutável), sentou no fervente banco de couro do ônibus, e logo em seguida senta ao seu lado um sujeito barbado, com um ar patriarcal e experiente (estes dois títulos eram pra ser intimamente ligados, mas nem sempre é o caso). Rosângela, limitada ao seu mundinho da profundidade superficial, ignorou a presença do bem apessoado senhor. Lá pelas tantas, alguns quilômetros depois, este lhe oferece um objeto que ela demorou a reconhecer, e receosa, aceitou. Seu preconceito inicial quanto ao gesto do senhor logo se transformou em uma profunda agitação interna, quando bateu os olhos no cartão que dizia: "Wagner Amarante - Diretor de Criação". Ela foi pega de surpresa. Virou o cartão e lá estava a logomarca da WSS/Beyond, famosíssima agência de propaganda, com filiais espalhadas por todos os continentes e detentora dos principais prêmios do mundo umbilical publicitário. Rosângela estava anestesiada e desconfiada ao mesmo tempo. O que estaria um comunicador fazendo em um ônibus como aquele? Não teria ele rios de dinheiro para comprar o seu próprio carro? Apenas mais tarde ela descobriria que o que ele fazia lá era estudo de campo para uma nova loja de departamentos com apelo popular. Rosângela desceu logo que pôde e sem pestanejar foi buscar os seus melhores trabalhos. Eram todos medianos, porém sua entrevista foi relativamente boa. Parecia insegura e com medo, mas era justamente esse o tipo de pessoa que procuravam. Foi contratada. Não podia acreditar, era uma chance praticamente nula. Um mísero estágio em uma agência destas era um presente dos deuses, uma dádiva, um acontecimento único.
Logo estaria entre a nata publicitária, em meio a holofotes e entrevistas a revistas especializadas (leia-se umbilicais). Ledo engano. Logo percebeu que seria uma jornada árdua, uma competição de egos, onde o dela era o menor deles. Dias e dias trabalhando até tarde, faltando aulas, sendo menosprezada pelo pessoal "criativo", tendo idéias rejeitadas. E idéias rejeitadas. E mais idéias rejeitadas. Em seu rosto haviam as marcas do esforço e cansaço de três semanas acumuladas. Já havia esquecido o que era fim de semana. Perdera três dos seus já poucos quilos, e por cima gastava todo o seu não-salário com comida (uma mega-agência destas jamais iria pagar meros estagiários. Quem não gostasse da idéia que cedesse o lugar para o próximo, a fila era grande)
Na madrugada de sábado, Rosângela recebeu mais um briefing. Era mais um no meio de tantos que não conseguia resolver. Vou ter de cancelar o almoço na Rita, pensou ela. Não havia mais folga. Este novo trabalho era um anúncio roda-pé de jornal para, pasmem, o dentista da esquina. A verba era pouca e o tempo menor ainda. Segunda-feira pela manhã deveria entregar a peça aprovada. Pensou em desistir. Desabou sobre a sua apertada e isolada mesa e chorou. Chorou como nunca havia chorado antes. Era a única no escritório. Todos os outros estavam a essa hora ou dormindo ou bebendo ou transando, enquanto ela chorava. Caiu no sono e acordou seis horas depois, desesperada. Tinha de tirar o atraso, e caiu no batente novamente. Sem se alimentar, ficou o resto do domingo escrevendo e layoutando e refilando. Esqueceu de avisar a Rita, "ela vai me matar", pensou Rosângela. Segunda-feira chegou. Eram oito da manhã e a peça deveria estar nas mãos do cliente às dez. Às nove foi reprovada. Na frente de todos, o mesmo Wagner de aparência patriarcal e experiente estava agora enfurecido com tamanha inaptidão para a propaganda. "Me arrependi de ter te contratado!", berrava. Agora não havia mais tempo, a peça iria assim para os jornais. Cansada e desolada, Rosângela foi para casa ao final do expediente, após um dia transtornado e estressante. Não conseguiu dormir. Duas semanas se passaram após a veiculação do anúncio. Duas semanas pesadas e que fizeram Rosângela repensar toda a sua carreira. Estaria ela no lugar errado? Lá pelas tantas da tarde, ela veio a receber uma notícia inesperada: seu anúncio de roda-pé tinha sido muito bem aceito pelo público, o número de visitas ao consutório havia quadruplicado e por causa do sucesso da tira iria ser feita uma campanha de página inteira no jornal de maior circulação local. Sem contar que o dentista ali da esquina agradeceu-lhe pessoalmente e disse não imaginar que um simples anúncio o faria pensar em ampliar a sua sede.
Clientes pequenos geralmente vão para estagiários, e agora não havia sido diferente. O consultório cresceu e com ele cresceu Rosângela. A maior rede odontológica do país e a maior publicitária do país. Sua vida profissional havia se tornado aquela tarde de quarta-feira: difícil de suportar porém belíssima.

Uhul

Ultimamente eu ando a criatura mais preguiçosa do planeta. Ou melhor, mais sem vontade. Não sei o que tá acontecendo. Posso estar desestimulado. Meia hora de cooper resolveria? Nesse calor fica complicado. Deve ser a faculdade. Tô de saco mais que cheio com aquela porra. Não aguento mais ter aulas sobre posicionamento e essas merdas todas. Bem feito pra mim, vou ter que refazer matérias absurdamente intragáveis ano que vem. Só A NÍVEL DE constatação, possuo em mãos um exercício de Mercadologia II em que o professor provavelmente fez mestrado. A questão de número sete inicia com a seguinte palavra: Indentifique. É, INdentifique. Mas que beleza, não? Além da super-estrutura da instituição, temos também um português que faz jus ao vestibular prestado.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Um bom dia

Nada como acordar, ir até a geladeira, pegar a garrafa de água e derrubar um pote INTEIRO de farofa no chão.
Seria este início um prelúdio para o resto do dia?

Vou refletir sobre isso.

Anéis secretos? Argolas secretas?



Dizem que este é o primeiro Sonic tridimensional que faz jus à série, sendo uma releitura dos jogos da época dourada. Não é mais um jogo com história bizarra e um mundo com o direito de ir e vir. Agora é ação frenética a mil por hora (...) em fases com caminhos pré-estabelecidos, assim como antigamente. Só que agora três-dê e com o mais-que-magnífico Wii Remoto. Quanto ao vídeo, antes de falarem que é palha, coloquem-se no lugar de pivetes japoneses. Se eu fosse um, eu piraria.
Talvez essa seja a minha próxima aquisição. Mas antes tenho de terminar Zelda.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Pinta como eu pinto?

Era dia de festa no reino das tintas. A Tinta Guache resolveu alugar o salão de festas e reunir toda a trupe. Chamou da elite a ralé, não deixou ninguém de fora. Tinha tintas industriais, imobiliárias, escolares. Todas estavam lá. Era perto das onze quando começaram a pintar o sete, e à medida em que o tempo passava, mais cores surgiam (tinta andando pra lá e pra cá, aí já viu, misturou tudo).
Era roxo conversando com azul, verde dando em cima do rosa, vermelho se achando o tal. Uma miríade de cores reunidas com o mesmo intuito: diversão. Por volta da meia noite, chegaram os convidados de longe, que não conseguiram passar despercebidos no meio da pluraridade colorida (perdoem o pleonasmo) da festa. A patota da massa corrida chegou de sopetão e logo de cara mostrou a que veio, o grupo dos vernizes era de longe o mais brilhoso e os seladores vieram pra ficar. A festa transcorria normalmente, todo mundo bebendo do melhor e comendo do mais apetitoso, cada um aproveitando da melhor maneira possível. Tinha até banda tocando: os The Cor (a intenção do grupo era fazer uma analogia aos grandes grupos de outrora - como os The Beatles, os The Who, os The Doors -, juntamente com a famosa expressão "De cor" e é claro, com as cores. Se achavam o máximo pela sacadinha), que entretinha o pessoal com clássicos como "I wanna hold your brush" e a polêmica "Dança do spray". A Tinta Guache, lá pelas tantas, resolveu apimentar um pouco a festa e fez umas ligações. Dentro de poucos minutos, todos tiveram uma surpresa, as garotas ficaram todas molhadas e os caras vermelhos de raiva (exceto pelos homossexuais, que ficaram durinhos - nem uma espátula conseguiria fazê-los voltar ao normal). A mais sensual das luvas de borracha havia chegado na festa, contratada pela Guache, que sorria maliciosamente num canto. Logo foi se apossando da bancada central, e começava a se despir vagarosamente, ao passo em que os The Cor tocavam a mais sensual das canções. As luzes haviam sido desligadas e o clima de euforia tomava conta do salão. Os pincéis fêmeas não hesitaram em partir para cima da Luva, acariciando-a com segundas intenções, e no momento em que a Luva iria começar a despir suas partes inferiores (e mais incitantes, no caso, os dedos), uma barulheira desviou a atenção de todos. Era a turma do mal, os penetras, os rejeitados. A Guache já havia evitado chamá-los para evitar possíveis confusões, porém isto só piorou as coisas. Agressivamente, adentraram os Removedores e as Lixas. Fizeram a festa ao estragar a festa, e iam removendo aqui e lixando lá, removendo lá e lixando aqui. Todos tentavam escapar, mas o líder maléfico ainda não havia dado as caras. Ou melhor, molhado as caras, afinal o líder era nada mais nada menos do que a Água, que já chegou inundando tudo, transformando a festa em uma grande papa química. Não deu nem pra fazer uma aquarela, tamanha a quantidade de agá-dois-ó. No fim, acabou traindo os seus próprios comparsas, afinal a lixa se desintegrou e o removedor teve um fim que fez jus ao seu nome. A própria água deixou de ser água e não suportou a sua condição atual. Foi a maior tragédia do reino das tintas. Mas também uma baita festa.

Inesperado

Estariam as pessoas acostumadas com um padrão pra tudo?
Será que se não fizermos o milimetricamente esperado, o resultado vai ser recebido como insatisfatório?
(são só indagações, não entendam errado)
Um rumo inesperado nem sempre é bem-vindo, mas faz parte.

E se Michael não tivesse matado a Anna Lucia e a Libby?

terça-feira, 6 de março de 2007

Adsense

Para quem quer ganhar um troco com blogs.

Cinquenta Minutos

Era o tempo que faltava para término da última parte da vida de Márcia.
Sua situação no momento não era das mais favoráveis, porém sua vida como um todo havia sido positivamente satisfatória. Nada lhe faltou em momento algum, todas as suas vontades e desejos se concretizaram. Menos um.
Márcia ainda desconhecia o seu fim, porém o pressentia. Isto a incomodava, e consequentemente incomodava a todos que a circundavam, principalmente no ambiente de trabalho. Apesar de sua situação privilegiada e carisma infindável, suas duas últimas semanas foram um martírio. Com um comportamento fora da normalidade, Márcia passou a destratar seus funcionários, sempre por motivos pífios. O ápice de sua neura se deu hoje, cinquenta minutos antes de sua morte.
Ao retornar de uma reunião decisiva para o futuro da companhia, ela juntou toda a equipe de planejamento para rever as pautas da semana, e em um surto nunca antes presenciado, demitiu cabeça por cabeça aos brados e sem uma justa causa. Sua gritaria descontrolada lhe deu um ar enfurecido e quase psicótico, com seus cabelos desgrenhados e veias visivelmente protuberantes. Sua assistente tentou acalmá-la inutilmente, e nada conseguiu além de cicatrizes no rosto (Márcia avançou com suas unhas cuidadosamente pintadas). Foi o estopim para desencadear um clima de barbárie no setor. A assistente, com o rosto marcado e sangrando, despejou no peito de Márcia o café que acabara de ficar pronto, causando queimaduras em Márcia e urros de dor que podiam ser ouvidos pelo andar inteiro. Os seguranças logo chegaram para tentar amenizar a situação - digna de novela das seis -, porém a ira de Márcia transcendia a força física dos pobres destreinados.
Quarenta minutos.
Já no elevador, que assim como a sua carreira, descia mais e mais, Márcia tomou uma atitude que viria a selar de vez a loucura: despiu-se quase que completamente. Deixou em seu corpo apenas o seu cinto e as queimaduras provenientes do café. Sem maiores explicações, expôs a todos sua pele maltratada e cansada, seus seios já sem aquele brilho de outrora e também toda a sua intimidade. Olhares perplexos a seguiam, e Márcia já não estava mais em si. Qualquer tentativa de voltar atrás era nula, e não havia outra solução senão se exilar de tudo e todos. Toda a filantropia praticada, todas as doações, todos os trabalhos sociais, nada disso seria lembrado a partir de agora. Márcia poderia morrer como um exemplo, mas escolheu morrer como insana. A selvajaria cometida nestes poucos minutos viria a arruinar pra sempre a sua imagem. E então deixou o prédio.
Entrou em um táxi, com a sorte de não ter sido vista pelas autoridades e nem ter sido reparada pelo motorista e partiu para casa. Durante o longo tempo percorrido entre o edifício e o seu lar, permaneceu em absoluto silêncio, e ao final, deixou o táxi sem dar um níquel para o senhor dentro do carro. A princípio ele teria reclamado, porém ficou inanimado ao presenciar aquela mulher vagar pelo jardim de sua casa nua.
Achou melhor ir embora.
Cinco minutos.
Márcia entrou em casa, e com a indiferença de um pobre desolado passou reto e subiu para o seu quarto. Suas crianças, ao ver a cena, não a entenderam, e voltaram à televisão. Deitou em sua cama, fechou seus olhos e dormiu para nunca mais acordar.
E nunca realizar o seu sonho.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Sem título

Não adianta forçar escrever algo se não vem nada.
Então, fiquemos com a solução de 9 entre 10 blogueiros: o YouTube.

sexta-feira, 2 de março de 2007

O tempo pára, sim

Por volta das três da manhã, Alessandro retornava de mais uma longa jornada de trabalho. Após a morte de seu pai, ele teve de tomar as rédeas de casa, e o tempo para se dedicar aos estudos foi se tornando cada vez mais escasso. Suas duas horas e meia de sono se faziam muito piores do que se ele passasse a noite acordado. Sua indesejável rotina consistia em levar sua irmã mais nova à escola logo cedo, chegar quinze minutos atrasado ao trabalho, trocar faíscas com o seu chefe e, pelo fim da manhã, deixar parte do trabalho para ser concluído no próximo turno. O problema é que assim ele não cumpria as metas como deveria, levando a uma redução significante em seu já baixo salário. Seus almoços duravam aproximadamente sete minutos, uma vez que ele precisava buscar sua irmã na escola e mal sobrava tempo para outras atividades. Por conta disto, diariamente era obrigado a ouvir lamúrias dela, já que ela era obrigada a esperar por quarenta e cinco minutos pelo seu irmão. Depois de quatro ônibus tomados ele retornava ao seu ofício, em um escritório de contabilidade, onde o stress pairava sobre o ambiente, criando na mente de Alessandro uma tensão que só aumentava a cada dia e a cada calhamaço a mais em sua mesa. Lá pelas quatro, ele já sabia o que iria acontecer: seu chefe, um homem calvo, forte, de estatura mediana e de expressão não-amigável entraria em seu cubículo e, em um surto descontrolado, bradaria contra Alessandro, atirando-lhe os piores impropérios possíveis e mandando-o refazer todos os seus relatorios. Sete e quarenta e cinco ele concluía tudo.
Sua aula começava às sete.
Já cansado fisica e emocionalmente, Alessandro seguia o seu caminho até a faculdade, levando com esforço sua pasta lotada de anotações (e Alessandro era um rapaz franzino, para piorar ainda mais a situação).
Oito e meia era hora de sair. Sua irmã precisava dormir e isto só acontecia com ele por perto. No fim das contas, restavam trinta minutos de aula, que ele usava para tentar retomar as anotações perdidas e sanar dúvidas das aulas anteriores. Por morar em um bairro afastado, poucas eram as linhas de ônibus praquela região naquela hora. Era necessária uma caminhada de vinte e cinco minutos até o ponto mais próximo, que se localizava em uma ruela de iluminação precária e casas com muros baixos e paredes maltratadas. Alessandro se via sempre apreensivo, com receio de ser abordado a qualquer hora pelos marginais das redondezas. Malditos moleques aqueles.
Sentado no ponto de ônibus e absorto em suas leituras acadêmicas, recebe uma mensagem no celular do escritório: "preciso de você aqui", dizia o seu chefe. Como era costumeiro, deu meia-volta e partiu para mais vinte minutos de caminhada, desta vez para outro ponto de ônibus. Não fora assaltado, mas considerava-se em perigo ainda. Hoje em dia não se pode mais vagar por aí como antes.
Tarde da noite e Alessandro se via novamente aonde o seu dia começou, embora agora a rua inteira se encontrasse de luzes apagadas, exceto pelo pequeno escritório que Alessandro começava a repudiar. "Por culpa sua perdi dez mil hoje", exagerava o chefe, com sua camisa de botões suada e gravata afrouxada. Alessandro sabia que a culpa não era dele, e sabia também dos problemas de seu chefe, que além de fracassado era corno, mas ao invés de arguir com ele, fingiu se lamentar e recomeçou o seu trabalho do zero. O tempo passou lentamente, talvez até mais lentamente do que o resto do dia, e o clima pesado instaurado na saleta perdurou até as cinco e meia, quando Alessandro, contra a vontade de seu patrão, deixou o escritório para buscar sua irmã. Tomou um rápido e modesto café da manhã e partiu com ela do decadente casebre para deixá-la na escola. Durante o caminho, no ônibus, refletiu sobre o quão sozinha ela era, afinal Alessandro era a única pessoa em sua vida. Dentre todos os parentes, era o único capaz de criar uma criança. A mãe tinha se tornado uma viciada e a irmã, prostituta. Todas os deixaram.
Logo, ele estaria novamente no escritório de contabilidade. O dia se arrastou exatamente como os anteriores, porém suas costas pareciam carregar duas toneladas a mais. Decidiu não ir para a aula. Nem para casa. No dia seguinte, não foi ao trabalho. Ou a qualquer outro lugar.

Salvação