tag:blogger.com,1999:blog-22384199603770275862024-03-05T06:58:35.970-08:00Cornucópia FecalCoprofilia erudita e alusões à inutilidadeUnknownnoreply@blogger.comBlogger87125tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-21220559336328304202011-03-16T10:37:00.000-07:002011-03-16T10:41:20.927-07:00Felicidade Turva<p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Arrastava-se trôpego pelas ruas duras e inóspitas, carregando nas costas o peso do breu sufocante daquela noite exígua. Não sabia qual teria sido a motivação de seus inimigos; estava em paz, buscando apenas seguir dia após dia sem nenhuma preocupação. No entanto, seu confrontante definitivamente não se sentia da mesma forma.</span></span></p><p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p><p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Infestado pelo sangue e com o olho esquerdo completamente ruborizado, o calvo e esguio homem tentava se livrar a todo custo da moléstia que o acometia naquele momento. A flecha que atravessava o seu ombro fazia arder sua carne; o corte em sua testa advindo da surra que levara era quase como uma cócega incômoda perto do mal-estar causado pelo projétil arcaico - quem naqueles dias utilizava uma flecha como arma?, pensava. </span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica; min-height: 14.0px"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><br /></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Escorando-se nas paredes gélidas e úmidas da viela abandonada, mais uma vez tentou arrancar de seu corpo o apêndice mortal. A dor lacerante o denegria efusivamente, mas sua vontade de manter-se agarrado a uma vida pacífica e bucólica vencia a sensação funesta. Sua respiração exasperada aumentava a cada segundo; fazia de tudo para se manter lúcido e não fenecer. Deixaria para depois suas indagações a respeito dos motivos do ataque - haveria tempo de sobra para isso depois.</span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica; min-height: 14.0px"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ao vislumbrar um casebre iluminado ao longe, sua dor já o preocupava. A luz parecia turva, mas na verdade era a sua visão que dava sinais de desgaste. Tonto, apressou-se em direção à sala em que uma família degustava o seu jantar - ou um consultório odontológico, ou um mero bar com seus ébrios e fracassados fregueses; não importava o que havia entre as quatro paredes, apenas precisava de amparo.</span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica; min-height: 14.0px"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Passou de esperançoso a lamentador. Na metade do caminho jazia em seu infortúnio. Desejava ter sido alvejado com alguma das tantas armas de fogo que eram carregadas por aquela região, e não por uma flecha. Uma flecha! No turbilhão de pensamentos em que se encontrava, indagava-se se havia alguma simbologia em seu uso. Se significava algo especial, jamais lembraria. Cuspia sangue no chão e em seu próprio corpo; avançava lentamente sem conseguir sequer sibilar um pedido de socorro. A cada tentativa de extrair o roliço pedaço de metal de seu ombro, pior sua situação ficava. Prestes a desmaiar, conseguiu perceber um vulto a deixar a casa pela porta dianteira - ele vinha rapidamente em sua direção.</span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica; min-height: 14.0px"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p> <p style="margin: 0.0px 0.0px 0.0px 0.0px; font: 12.0px Helvetica"><span class="Apple-style-span" style="font-family:georgia;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Estava recostado em uma árvore imponente e familiar, com um vasto campo à sua frente. Lia confortavelmente um espesso livro. Finalmente havia voltado à vida que almejava - conforto, calma, sossego. Mas apenas em seus delírios, momentos antes de sua inexplicável morte.</span></span></p>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-45520819437286235162010-09-23T21:33:00.001-07:002010-09-23T21:35:44.814-07:00Ópio artístico.Dentre todos os deméritos de Aristides, a falta de sensibilidade artística era um deles. Quando presente frente a uma obra surrealista, fincava-se em seu mundo correto e imutável e denegria todas as composições criativas do autor. "Não faz sentido este lombo" ou "quem neste mundo teria tamanhas âncas?", bradava. Ceticismo autoral. Sua repugnância atingia níveis exagerados, afinal ele se considerava o maior dos artistas - apesar de não o ser -, cujo talento infindável superava os medíocres contemporâneos que o circundavam.<br /><br />Todos ao seu redor alcançavam sucesso considerável, fossem compositores, romancistas, escultores ou dramaturgos. Menos ele. Remoía-se diante de seu próprio fracasso, almejando um lugar no panteão cultural de seu tempo, mas nada conseguia a não ser críticas angustiantes e repletas de escárnio. Diante de seu ostracismo notável, sucumbiu aos seus devaneios introspectivos e resignou-se às suas lamúrias profanas, concebidas através de infindáveis lamentações egocêntricas, não enxergando as críticas e limitando-se aos aspectos negativos, fazendo desfalecer o seu próprio estímulo. <br /><br />Tão nobres foram seus pensamentos que, em determinada tarde, após reflexões inconclusivas, decretou o seu fim, outorgando o seu lirismo criativo. Nefasto artista este, que se deixou possuir pela vaidade e pela decepção, que tanto assola estes do mesmo ofício. No entanto, os de mente sadia sobrevivem e potencializam suas nuances, ao contrário de Aristides, fraco e submisso a si mesmo.<br /><br />Como todo artista depressivo, afundou-se em seus clichês, podando seu potencial com uma lâmina a percorrer o liso caminho da pele de sua garganta. Feneceu na mediocridade.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-1850762819742614212010-08-19T11:19:00.001-07:002010-08-19T11:21:40.018-07:00Almoço fúnebreCom o macarrão já apodrecido, colocou-o na panela fervente. O cheiro pútrido e repugnante infestava o recinto, mas isto o agradava imensamente. Como tempero, planejava utilizar o suco intestinal de uma de suas vítimas. Não hesitava em disfarçar completo êxtase durante o preparo de seu prato funesto. Após dissecar a pobre Amanda Miranda, 23 anos, selecionou as partes mais adequadas para o consumo imediato, além de separar os olhos e seu cérebro para preparar a sobremesa. Apesar do aspecto limpo de sua cozinha, quando o abate se realizava não poupava esforços em polui-la. Se sentia sujo e proibido quando o fazia, pois essa era a sua essência. A cozinha, pelo contrário, era um mero disfarce para seus devaneios antropofágicos. A massa putrefata que ardia em silêncio na água em ebulição seria consumida vorazmente em poucos minutos. O assassino faminto estava impaciente, mas a calma no preparo seria essencial para seu deleite posterior. Misturou o sangue de Amanda ao extrato de tomate, configurando um aspecto viscoso e apetitoso - ao menos na visão deturpada do canibal. Preparados os pratos, colocou-os à mesa para ingeri-los de forma única; excitou-se e despejou uma colher de água fervente em seu pênis ereto, enquanto engolia o macarrão podre e se masturbava. Logo após, deitou-se em sua cama para fazer a siesta.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-65286680842825239352010-07-21T18:43:00.000-07:002010-07-21T18:51:25.502-07:00A dois."Faustosa noite até então", pensara ele em meio a um turbilhão de outros pensamentos. Estava na melhor das companhias, naquela que há muito desejava. Não relutava em esconder o estupor gratificante que tinha ao vislumbrá-la em atividades banais. Para ele, até mesmo um mero devaneio introspectivo e inconsciente dela o fazia estremecer. Era única, ímpar, majestosa. O que a distinguia de quaisquer outras amantes não tinha relação alguma com sua beleza díspar, mas sim com o simples fato de ele a achar desafiadora. Dona de uma perspicácia solene, sua inteligência austera e indefectível multiplicava a atração que ele sentia esvair por seus poros. Qualquer fosse o momento, sempre haviam de confabular. Nos raros momentos onde o falatório inexistia, inexistia também o desconforto que muitas vezes o silêncio costumava causar. E lá estavam, regozijando o agora, como se este fosse infindável.<br /><br />Adentraram o átrio do recinto no início da madrugada e se dirigiram ao elevador adiante. Ele observava o corpo dela, delineado pelo vestido fino que usava, e reparava nas curvas e nas marcas que sua calcinha faziam. Adoraria pensar em inúmeros adjetivos para descrevê-la naquele e em tantos outros momentos, mas lá estava ele, embasbacado com um simples e sincero "linda". Ao abrir a porta do elevador, se certificou de que não seriam interrompidos no meio da subida. Não poderia se basear em nada a não ser em seu instinto para adivinhar se seriam parados ou não, mas confiou nele. Na metade do trajeto, sem aviso prévio, abaixou-se levantou a saia da garota. Ela, pasma, nada fez para o impedir, pois sabia o que aconteceria. Sentiu sua calcinha deslizar para o lado, e tão logo sentiu também o calor da língua de seu amante. Não haveria como fingir prazer, tamanha a umidecência instantânea no momento. Ele se viu estupefato, porém não esmoreceu diante da surpresa. Recobrou sua postura pouco antes de o elevador se abrir, e a conduziu à entrada de seu apartamento.<br /><br />A sala escura e silenciosa era um chamariz para não cessarem em seus ímpetos carnais. Sabia que a casa estava ocupada, como também tinha ciência de que os que lá residiam estavam adormecidos. Sem titubear, a pegou pela mão e juntos foram à cozinha, local com menor chance de um possível e vexaminoso flagrante. Colocou-a contra a bancada da pia, onde, pressionando com ardor, a beijou com veemência. O perfume que exalava da pele e dos cabelos da garota o inebriavam, era um elixir venenoso, que o fazia se sentir vivaz ao mesmo tempo em que fenecia lentamente em seus braços. A protegia, segurando seu corpo pequeno com devoção e entusiasmo, enquanto tocava sua pele extremamente quente e macia. Não resistiu e a apalpou novamente por debaixo da saia, acariciando suas nádegas volumosas, para então notar que a calcinha continuava na posição em que havia deixado. Como mágica, seus dedos deslizaram para dentro da garota, que, como num reflexo, cerrou seus olhos com deleite e se entregou àquele momento sublime. <br /><br />Sentindo o interior aconchegante em suas mãos, ele percebeu que o que importava e lhe daria mais prazer naquela hora seria o total gozo dela. Tendo isso em mente, continuou a pressionando por dentro até deitá-la no chão da cozinha. Não se importava com o lugar, era indiferente quanto a isso. E ali, entre a geladeira e o microondas, mais uma vez levantou sua saia e vislumbrou com ardor a mulher delicada e ofegante que jazia à sua frente. Mais uma vez tornou a sorvê-la, e o fez como nunca havia feito com outras mulheres. Agradava-lhe o fato de ela ter tamanha intimidade com ele, ali. Sentia-se entregue e a respeitava, pois sabia que ela sentia o mesmo. Novamente com os olhos cerrados, ela soltava gemidos e leves espasmos à medida em que ele a beijava. Segurava a cabeça dele com as mãos, puxando seus cabelos às vezes com força e às vezes de forma delicada. Sussurrava seu nome com tamanho furor que mais parecia um brado silencioso. "Para, para, não faça isso comigo", mentia. No chão da cozinha, sem se importar com quaisquer outras pessoas que poderiam aparecer, se amaram. E a memória daquele momento perdurou por muito tempo.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-54389706671363672352010-07-19T13:44:00.000-07:002010-07-19T15:11:26.456-07:00Uma curta história sobre a meretriz esquecida.A calcinha frouxa, o sutiã manchado e desbotado, a meia-calça embolorada. Lá estava ela, pronta para mais uma noite em que o fervor da decepção a assolaria. Desprovida de condições estéticas para conquistar solitários rapazes, varava as madrugadas chafurdando na desolação que a rejeição a colocava. Entrara nisto que chamam de "vida fácil" pela escassez de opções para sobreviver. No entanto, para seu pavor, a prostituição em nada lhe agregara financeiramente, mostrando que de fácil nada havia. A falta de beleza natural, aliada à negligência em relação a cuidados externos a colocava em uma situação por vezes constrangedora, sendo a única de seu grupo noturno a não satisfazer os ímpetos sexuais de outrem.<br /><br />Sua dentição era peculiar, desnivelada a ponto de surpreender o mais experiente dos ortodontistas. Seu odor azedo era disfarçado em vão por desodorantes baratos, cuja eficácia resultava em um dispêndio desproporcional de spray. Seu notável estrabismo podia ser percebido à distância, afastando os clientes mais perspicazes. Quanto aos incautos, fugiam descaradamente sem se preocupar com os sentimentos da garota de programa. Apesar de esguia, seus atributos estavam longe de atrair até os bêbados que tropegavam em seus próprios pensamentos. O cabelo falho, o nariz protuberante, as orelhas de proporções diferentes: ela tinha tudo para nunca suceder nesta ou em qualquer atividade que dependesse da aparência.<br /><br />Contagiada com sua própria negatividade - adquirida pelos incontáveis fracassos, entrou em depressão profunda. Dia após dia, ia às ruas com o semblante denotando explícita frustração. Em seus devaneios internos, acreditava que alguém seria solidário o bastante para consolá-la ao perceber sua tristeza. Ledo engano. Se antes afastava clientes, agora afastava também suas companheiras de rua. Desistiu de tentar a sorte na sarjeta e nos botecos imundos apinhados de ignorantes. No dia seguinte, decidiu conseguir clientes graúdos, da alta sociedade. O garbo era perceptível na localidade em que escolhera. Executava, na praça em frente a um luxuoso hotel, poses ensaiadas que julgara ser sensuais. Abordava incessantemente homens poderosos, vestidos com finos trajes e portadores de responsabilidades inimagináveis. Mas em nada ela caprichara para chamar a atenção de uma forma que não fosse negativa. Estava tão ou mais deplorável quanto nos dias anteriores, no entanto o contraste entre airosidade e o limbo era gritante, tornando-a escandalosamente inadequada ao lugar.<br /><br />Mas ela estava decidida a conquistar um cliente, e dos grandes. Vislumbrou ao longe um jovem homem, com cerca de trinta e cinco anos, forte e alto e careca. Com um porte físico invejável, poder-se-ia dizer que era um nadador profissional. E estava sozinho. Dentro do que julgava ser sensual, foi em direção ao rapaz, volta e meia pisando em falso nos vãos da calçada iluminada. Sentia o coração bater forte, convicta de que seria bem sucedida. Era o momento do triunfo, do abate, da consagração. Balbuciou uma série de palavras inaudíveis ao empresário, despejando acidentalmente gotas de saliva em todos os cantos, sem perceber. O homem, espantado, desviou-se e tentou ignorar a presença da imunda mulher, mas ela se adiantou novamente em direção a ele, desta vez com contato físico. Quando estendeu o seu braço e tocou o do homem, tropeçou novamente no vão da calçada e se estatelou do chão, derrubando-o consigo. Nisto, três homens truculentos surgiram e imobilizaram a fétida e barata meretriz, sem hesitar. Eram seguranças à paisana do empresário. Levaram-na a um canto escuro e deserto, espancaram-na até a morte e a largaram como uma indulgente. Apodreceu com sua calcinha frouxa, sutiã manchado e desbotado e a meia-calça embolorada.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-9935623390570444672010-06-29T19:00:00.001-07:002010-06-30T09:55:17.213-07:00InglórioCom as costas ensanguentadas, chegou a cogitar abdicar de sua força de vontade e entregar-se ao infortúnio doloroso. Mas, um lapso vivaz o atingiu como uma flecha que atinge sua vítima: subitamente. Recobrou suas forças e tentou mais uma vez se livrar das correntes que pendiam do teto e o imobilizavam injustamente. A força empregada naquele movimento fugaz estava longe de conter qualquer centelha de eficácia, no entanto fora o suficiente para desconcentrar seu vigia e carrasco, até então entretido com as ranhuras do chão do calabouço pútrido em que se encontravam.<br /><br />O homem de porte esquálido se irritava em demasia quando tirado de seus devaneios introspectivos. Como retaliação ao ato irrelevante de seu prisioneiro, buscou em uma travessa metálica um par de alfinetes, na qual esquentou com seu isqueiro de péssima qualidade. Após alguns instantes, incandesciam insanamente, para então adentrarem horizontalmente as pálpebras do encarcerado, que sentia tanto a sua pele quando o globo ocular queimar de maneira incontrolável.<br /><br />Após acordar de seu desmaio, o prisioneiro nada via além de um borrão indistinguível. No entanto, em suas lembranças visualizava o franzino porém sádico homem, e estremecia ao sentir sua respiração ao fundo. O lapso de outrora esmorecia, e sentia-se novamente tentado a fenecer covardemente. Ao ser arrastado para o lado de uma pilastra que ali se encontrava, acabou por deslocar seu ombro, e urrou sem ser ouvido por ninguém exceto seu carrasco. Faminto, fraco e sujo, percebeu que seu fim se aproximava, assim como o pérfido carcereiro. Para seu horror, sua visão havia voltado, uma vez que vislumbrou um corpo desnudo, com a genitália ereta a dois palmos de seu rosto. Um cheiro desgostoso o assombrou, e então percebeu que eram provenientes das inúmeras feridas e chagas que denegriam a salubridade do sexo do homem nu. Ansiou vomitar, mas receou ser reprimido com inimagináveis atrocidades.<br /><br />Imobilizado, nada pôde fazer para evitar que o monstro ereto fosse arrastado em seu semblante. Enojado, estava impotente e amargurado, desejando a morte ao invés do pus que o infestava e contaminava. Ouvia gemidos de um deleite doentio, exaurido de qualquer erotismo. Os segundos demoravam a passar. Quando já havia parado de tentar se desvincilhar daquele estupro putrefato, sentiu seus mamilos serem arrancados com um objeto metálico que depois descobriu ser uma alicate. A dor e o sofrimento eram o afrodisíaco do esquelético psicopata. Com seu peito agora também ensanguentado, constatava que a sua apatia quanto ao coito fora o motivo de suas novas injúrias. Se continuasse se debatendo, conservaria parte de sua integridade. Agora estava mutilado, enfrentando uma dor que nunca superaria. Degradado, vomitava em seu próprio corpo, debatendo-se no chão empapado, até sentir uma lâmina entrar e rasgar sua barriga de baixo pra cima.<br /><br />Foi sodomizado enquanto jorrava quantidades inacreditáveis de sangue. Nas semanas que se passaram, tal episódio foi meticulosamente reconstruído pelo assassino diariamente, em um caso absurdo de necrofilia.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-49806561208707930912010-06-05T23:13:00.001-07:002010-06-05T23:13:38.916-07:00XIXIIndiferente do que havia acontecido, tinha achado inconveniente e emocionalmente deturpante. Roberto ainda não tinha superado os acontecimentos recentes; lamentava profundamente sua perda amorosa e lamuriava internamente, disfarçando com afinco a desgraça explícita. Apesar de prever o sofrimento vindouro, escancarou seu coração, direcionando-o a uma falácia inevitável. As brigas, os confrontos e as imperfeições eram anunciadas por ela e negadas - em vão - por ele. Quaisquer tentativas de apaziguar a situação dos problemas eram vetadas pela parte supostamente (mas não necessariamente efetiva) dominante. Ou seja, ela.<br /><br />Roberto, aliás, procurava se distanciar de tais sofrimentos, uma vez que, já tendo passado por situações semelhantes, acreditava poder manejar de forma eficaz seus sentimentos. Mas, da pior forma possível, descobriu ser vulnerável como um aprendiz no ofício amoroso. Lembrou-se da época em que sofria pela garota de rabo-de-cavalo, na quarta série, e se equiparou ao infante inexperiente no ato. Apesar de suas vivências expressivas, via-se tão vulnerável quanto o rapaz que, anos atrás, levava em sua mochila <br /><br /><br /><br />POST INCOMPLETO E NÃO REVISADO POR BEBEDEIRA, VÃO SE FODER.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-31402420787708631662010-04-16T16:52:00.001-07:002010-04-16T16:57:33.074-07:00O breu.Saiu correndo pela penumbra, demasiado assustado para sequer olhar para trás. Era o seu primeiro furto desde a infância, e era visível a perda de sua habilidade. Em outros tempos, ludibriava vendedores com exímia perspicácia, levando consigo sempre algum artefato escondido, sem nunca ser flagrado. Mas, após anos de abstinência, a situação era outra. Passou por uma década de fartura, sem precisar roubar nada – em sua infância também não havia tal necessidade, mas o ímpeto aventureiro de um infante inconseqüente fazia a sua verdadeira natureza vir à tona. Agora, encontrava-se em uma época de riquezas escassas, proveniente de escolhas erradas e excesso de confiança em fraudadores confessos. Via-se na necessidade de não compactuar com a simplicidade e a pobreza, preferindo praticar pequenos delitos a abrir mão da luxúria. <br /><br />Era aniversário de sua antiga paixão, de uma época onde nada poderia lhe afligir. Uma paixão avassaladora, extraordinária, na qual ele mesmo se flagrava incrédulo por existir. Seu ceticismo quanto a questões do coração era tamanho que durante toda a adolescência acreditou ser inapto a amar e a esboçar quaisquer sentimentos que não fossem libidinosos e efêmeros. Até conhecê-la. Era um sentimento intrigante, talvez por conviver tanto com ela, mas não saber de detalhes de sua vida pessoal. Teve a chance de sua vida, mas cometeu erros infantis a ponto de acabar com tudo. Hoje seu desejo era reconquistá-la a qualquer custo, e isso implicaria em forjar uma falsa realidade, presa no passado, onde o garbo se fazia presente. Por isso dirigiu-se até a relojoaria do bairro mais distante que conseguiu encontrar, e sem planejar quaisquer ações, adentrou e vandalizou sem hesitar.<br /><br />Subestimou a proteção do lugar. Achou que, por se localizar em um bairro menos pomposo que os que costumava freqüentar, a vigilância seria pífia. Ledo engano. Sua investida foi falha desde o início, quando escolheu sem critérios a redoma incorreta de jóias. Um soco mal aplicado no vidro reforçado resultou em nada além de dor e na denúncia de seus atos. Socou mais algumas vezes e conseguiu estilhaçar a proteção. Coletou um item aleatório e guardou no bolso de seu paletó – estava bem vestido. Saiu correndo pela penumbra, demasiado assustado para sequer olhar para trás. Sua incapacidade em prever quaisquer impasses foi crucial para aquele momento, onde ofegava sem um destino certo, errando de rua em rua, quase se arrependendo de seus atos. Estava privado do júbilo do furto agora, com o dono da loja em seu encalço, proferindo palavras denunciadoras, fazendo os poucos transeuntes o fitarem com atenção. <br /><br />Quando não agüentava mais correr, parou em um parquinho abandonado e resolveu confrontar o atlético senhor, que apesar da idade possuía um porte invejável. Robusto, intimidava jovens homens com seu olhar imponente. O ladrão temia por seu estado físico e por sua indumentária; era a única que restava dos tempos prósperos, e dali iria direto ao encontro de seu amor perdido. Após esquivar de algumas investidas do senhor, se viu acuado e sem fôlego para dominá-lo fisicamente. Olhou para os brinquedos ao seu lado e encontrou uma barra enferrujada, que outrora pertenceu a um balanço. Arrancou do chão e não hesitou em fincá-la na barriga do dono da joalheria, que caiu de joelhos na areia gélida, no breu da noite. <br /><br />Abandonou o corpo e se dirigiu a um banheiro público, onde se limpou e secou o suor, para então se dirigir a casa daquela que um dia o abandonou. Ela o recebeu com surpresa, sorrindo com sinceridade ao receber a jóia furtada. Conversaram por horas a fio; relembraram momentos juntos, as noitadas, os passeios, os dilemas. Desculpou-se, e ela aceitou. Estavam juntos novamente, e a felicidade finalmente os rodeava. No meio de uma envolvente conversa, ela recebe uma ligação aterradora: a da notícia de que seu pai havia sido encontrado morto com uma barra enferrujada na barriga.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-85139036857926647942010-04-15T14:11:00.000-07:002010-04-15T14:28:27.463-07:00As fobias de TobiasTobias era uma figura peculiar. Já havia alcançado a puberdade, mas era tratado como um bibelô por sua mãe, que lhe impunha limites para tudo. Não de maneira tirana, mas sim carinhosa. Uma tirania disfarçada, por assim dizer. Dentre as inabilidades do garoto estavam atividades corriqueiras como brincadeiras envolvendo exercícios físicos e jogos eletrônicos. Era um prisioneiro da esquisitice de sua mãe.<br /><br />Por ser criado feito uma boneca de colecionador, o pobre Tobias acabou desenvolvendo manias e cacoetes incomuns. Na hora de dormir, exigia sempre a sua esponja de banho, cuja falsa importância fora implantada em sua mente por sua mãe. "Você nunca deve passar o sabonete direto na pele, meu filho. Faz mal!" Tais palavras fincaram nos pensamentos do rapaz de forma sobre-humana, fazendo-o se apegar a um mero pedaço de esponja cor-de-rosa. Também costumava roubar desodorantes no mercado que freqüentavam, e, chegando em casa, abria o invólucro e despejava todo o conteúdo em uma folha de papel usada, para então depois esfregar em sua pele desnuda, em frente ao espelho. Em outra ocasião, foi flagrado pela governanta - eram de família abastada, herança dos tempos da guerra - vestindo uma amálgama de trajes masculinos e femininos enquanto se retorcia no chão de forma aleatória, com os cabelos cobertos de talco e clamando por “Senhorinho Antenor”. Mordeu a governanta quando ela se aproximou para dar um fim à balbúrdia solitária do garoto.<br /><br />Toda criança tem seus momentos de explosão criativa, lógico, mas tais fatos eram abismais, tornando-o um caso distinto. Seria necessário presenciar as cenas para entender a magnitude do potencial insano na criança. Tobias era uma bomba relógio sendo carregada constantemente por sua mãe deturpada. Foram anos e anos de excentricidades acumuladas e isolamento social adequado. Ele confabulava apenas com adultos da alta classe, mas isto não fazia dele um pequeno e promissor gênio. Pelo contrário, o afastava da realidade de sua idade, absorvendo conteúdos impróprios e até incompreensíveis ao momento.<br /><br />O garoto cresceu. Tornou-se um clichê da solidão juvenil e hormonal. Era raquítico, introvertido e com protuberantes acnes em seu rosto. Possuía dificuldade para se expressar e se sentia pouco à vontade quando na presença de outros jovens, o que dificultou muito a sua vida estudantil. Durante a infância estudou apenas em casa, com sua mãe a lhe ensinar, porém à medida que a necessidade de desenvolver assuntos mais complexos veio à tona, ela não mais conseguiu acompanhar. Apesar de sua riqueza, não era uma mulher culta como os outros que frequentavam o seu lar nas noites de sábado. Todo o dinheiro que possuía era proveniente do sucesso de seus antepassados e não de sua inteligência. Com o garoto a relutar com a contratação de professores particulares, a mãe não viu outra opção senão colocá-lo em uma respeitável instituição de ensino.<br /><br />Ambos se sentiam nervosos, afinal era a primeira vez que Tobias iria se aventurar totalmente por conta própria, sem os cuidados excessivos e nem a presença próxima da mãe neurótica. O medo e a excitação envolviam o proeminente estudante, porém fez o que pôde para não transparecer tais emoções. Queria deixar a sua mãe tranquila. Despediram-se, ele em estado de ebulição e ela em prantos. Finalmente o cordão umbilical tinha realmente sido rompido. Era hora de encarar o que viesse.<br /><br />Logo no primeiro corredor Tobias se sentiu atordoado com tamanha movimentação. Nunca havia presenciado algo como aquilo pessoalmente, apenas na televisão e sobre o aviso apreensivo de sua mãe: "não se meta em lugares assim, meu querido", lembrava. Seu ímpeto sexual não havia florescido ainda, mas as garotas que circulavam pelos corredores o intrigaram. Eram belas, inocentes, macias. Ruborizou ao esbarrar em uma pequena garota ruiva, ficando com a mesma cor dos cabelos da jovem. Ela sorriu timidamente, balbuciou duas ou três palavras, inaudíveis para Tobias, que se encontrava nervoso em demasia com aquela situação. Não soube como ter autocontrole e saiu desajeitado pelo corredor, deixando a estudante sozinha na multidão. Evitou contato com quaisquer outras pessoas em seguida e partiu à procura de sua classe. Sua insegurança o perturbava, não conseguia se concentrar e procurou por Pedrinho.<br /><br />Pedrinho era mais uma das excentricidades provenientes de sua criação não-ortodoxa. Não era uma pessoa, nem um amigo imaginário, tampouco um animal de estimação, mas sim um frasco de vidro contendo centenas de folhas secas dentro. Para a mente peculiar de Tobias, as folhas enquanto parte da árvore são como ele mesmo. Elas estão ali, seguras em algo maior, na sua "mãe-árvore". Ao cair, elas perdem o elo e enfraquecem, secam. E Tobias, quando involuntariamente separado de sua mãe, age da mesma forma, como se estivesse perdendo suas forças, sua segurança. Logo, ao recolher e guardar tais folhas secas, ele age como um refúgio para o abandono das pobres folhas, e o mesmo acontece com ele. Ambos ficam protegidos quando necessário. Tobias conferiu ao frasco a alcunha de Pedrinho, numa tentativa de personificar irracionalmente algo inanimado.<br /><br />Atordoado pela sua falta de tato, acabou se perdendo nos corredores da instituição, não sabendo diferenciar letras de números nas portas das salas. A sua seria a 19-D, porém se encontrava distante de seu destino. Começou a suar. Procurou em sua mochila e tirou Pedrinho do fundo. Proferiu palavras desconexas ao frasco e respirou fundo, mas seus tremeliques não diminuíam. Permaneceu ali, parado no meio do corredor por mais alguns momentos que pareceram ser intermináveis, de olhos fechados até que se acalmou. Dirigiu-se até um dos faxineiros do prédio e questionou, gaguejando, sobre a localização da sala 19-D. Foi informado de que estava no caminho contrário e de que teria de atravessar três corredores para chegar ao correto. Partiu sem olhar para as pessoas ao seu redor; seus olhares o assustavam e se sentia como um rato acuado e prestes a ser devorado pelo mais amedrontador dos felinos.<br /><br />Mais um medo infundado de Tobias veio à tona. Para chegar ao corredor de sua sala teria de transpassar um pequeno jardim que separava os blocos do edifício. No entanto, uma chuva torrencial o atingiu bem no meio do caminho, restando a Tobias buscar abrigo em uma antiga árvore que repousava por entre as construções imponentes do colégio. Mesmo com Pedrinho em mãos o pânico tomou conta do rapaz. Lembrou-se de quando tinha apenas cinco anos e foi esquecido por sua mãe nas margens de um riacho na qual tinham ido se banhar em uma tarde de verão. Logo ela, tão meticulosa. Tobias se viu abandonado, à mercê de estranhos que se encontravam nas proximidades, resignado ao destino incerto. A correnteza se encontrava calma até então, reflexo do clima aprazível daquele dia. No entanto, uma tempestade inesperada abordou os que ali se entretinham; causando uma mudança brusca no comportamento do riacho, gerando uma torrente assustadora - pelo menos para o pequeno Tobias. Além do medo instantâneo causado pela fúria da natureza, encontrava-se solitário em meio à imensidão selvagem. O limo que infestava o rochedo na qual estava lhe garantiu a perda de seu equilíbrio, fazendo-o deslizar pelo gigante mineral como se o atrito nunca tivesse existido antes. O impacto de seu corpo na superfície rígida garantiu escoriações por todo o dorso, fazendo Tobias gritar de dor ao perceber as arranhaduras. O indefeso garoto foi jogado violentamente para a parte do rio na qual não conseguia se manter em pé, sendo alvejado com entusiasmo pelas gélidas águas do riacho, que o assolavam como uma nuvem de flechas que encontram seu alvo impiedosamente. Seu peito sangrava em demasia, colorindo o rio com uma tonalidade rubra e se espalhando lentamente, impressionando o incauto infante. Debatia-se em vão, não conseguindo se desvencilhar do desespero e da dor, horrorizando-se ao engolir o seu próprio sangue que se misturava à água. No entanto, Pedrinho continuava preso na mão esquerda de Tobias. Após momentos que pareceram uma eternidade para a criança, sua mãe conseguiu resgatá-lo, apesar de ele não fazer ideia de como.<br /><br />Ao se lembrar do acontecido, Tobias respirou fundo, trocou mais algumas palavras com seu frasco abarrotado de folhas e chegou à conclusão de que já havia passado por situações incrivelmente mais desafiadoras do que aquela ao momento. Afinal, qual era o desafio em encontrar uma sala de aula se comparado a lutar pela vida em um ambiente hostil, em uma situação desesperadora? Recobrou seu fôlego e sua consciência e partiu lentamente rumo ao bloco seguinte, pouco se importando com a chuva violenta que o castigava. Após alguns minutos, conseguiu enxergar o corredor que provavelmente seria o de sua sala. Poucas pessoas circulavam nele agora; não sabia quanto tempo havia ficado paralisado em baixo da árvore. Ensopado, descobriu que a sua classe era a última do extenso corredor, e assim se dirigiu até ela. Abriu a porta e deparou-se com uma turma atônita, que silenciou por alguns instantes perante a sua presença, para então desatinar em gargalhadas. Não percebera que estava com as vestimentas completamente enlameadas, com inúmeras folhas presas ao seu corpo, além da transparência de sua camisa branca de botões, fazendo seus mamilos ficarem à vista de todos. A falta de ar e o misto de calor e frio na espinha voltaram com todas as forças para Tobias. Sem chão, não sabia como reagir, e mais uma vez recorreu a Pedrinho, sibilando quase que de forma inaudível, angariando ainda mais risadas de todos na classe. Todos, exceto pela mão que o puxou para uma carteira vaga, e que após alguns segundos, percebeu ser da garota ruiva que encontrara no corredor. <br /><br />“Não ligue para eles, ninguém é perdoado aqui, já estudei com todos antes”, falou a menina, com sua voz suave e inocente. Desta vez Tobias havia conseguido ouvi-la, apesar do escárnio incessante de seus novos companheiros de estudos. Enrubesceu, não sabendo lhe dar uma resposta. A garota o observava com curiosidade, certamente ela estava intrigada pelos trejeitos peculiares de seu novo amigo, em um misto de encantamento e receio. Quando questionado sobre o misterioso pote de vidro cheio de folhas, continuou em silêncio, apesar da insistência da menina. Ele queria lhe explicar, mas não conseguia, não naquele instante. Estava conturbado demais para sequer ficar sentado confortavelmente. Após alguns momentos, ela desistiu e voltou-se para frente, no mesmo momento em que as gargalhadas cessaram. A aula já havia há muito começado, e Tobias teve de se apressar para não perder o conteúdo. O olhar severo do professor caía sobre o reprimido garoto que, ao perceber, encolheu-se na carteira. Interrompeu a explicação e se dirigiu ao lugar onde Tobias estava. “Que diabos seria isto?”, questionou, olhando com desgosto para Pedrinho. Como das vezes anteriores, seu nervosismo infundado o reprimiu, inabilitando-o a proferir quaisquer palavras. Ao invés disto, grunhiu algo sem significado, arrancando risadas abafadas de alguns alunos. “Guarde isto ou jogarei fora”, disse o professor, com austeridade. Mas Tobias apenas agarrou Pedrinho, de forma a protegê-lo da ameaça iminente. Feito isto, a reação instantânea do homem foi arrancá-lo das mãos do garoto. Ficou fitando o pote, indagando o que fazia um punhado de folhas amassadas dentro de um receptáculo de vidro. Dirigiu-se ao lixeiro da sala, com Tobias em seu encalço, desesperado por recuperar sua proteção. Com um empurrão, livrou-se do estudante, gerando um murmúrio de estupefação em toda a sala. Sabiam que o professor era rígido, mas nunca imaginariam que ele seria capaz de machucar algum de seus alunos. Chegou ao lixeiro e nele jogou Pedrinho. Tobias conseguiu apenas ouvir os sons dos estilhaços.<br /><br />Desesperou-se, e fez-se ouvir em todo o corredor, com um urro súbito e volumoso, denotando extrema insatisfação com o acontecido. Olhou para o professor com o fervor de alguém obstinado a se vingar de uma perda marcante. Suas veias saltavam e aterrorizavam a todos na classe, fazendo as risadas darem lugar ao mais pavoroso silêncio. No entanto, Tobias nada fez, a não ser sair da sala em desespero, correndo desajeitadamente pelo corredor, enquanto olhares curiosos o perseguiam naquele primeiro dia de aula. Escorregou no chão molhado, caindo com o peito na brita que se encontrava após o fim do corredor. Sangrava como há muito não acontecia, desde a aterrorizante vez em que se via afogando abandonado no intenso riacho, anos atrás. Memórias perturbadoras o invadiam novamente, mas agora ele não tinha mais Pedrinho para se confortar. Exasperado, bradava ensandecidamente aos ares, sujando o seu caminho de sangue. Correu em direção à árvore que o havia protegido da chuva anteriormente, relutando contra seus próprios atos, debatendo-se de tal forma que parecia que algum ataque o havia acometido. A tormenta havia se intensificado naquele momento, e entre relâmpagos, Tobias chorava. Tinha perdido o seu conforto, o que mantinha a sua sanidade. Sem sua mãe por perto, era a única coisa que o protegia. Quando começou a cravar suas unhas na superfície irregular do tronco da árvore, ouviu um grito feminino. A princípio pensou ser sua mãe, o que findaria todo aquele espetáculo vexatório. Mas, para sua infelicidade, percebeu que era a garota ruiva, na qual nem mesmo sabia o nome. Em seguida, com as mãos fincadas no tronco, desceu com força, desprendendo violentamente as suas unhas. Tombou para trás, e quando notou a aproximação da menina, levantou-se e subiu para os galhos superiores da árvore, ignorando a dor física. Movimentando-se enfaticamente, continuou a gritar, chamando uma multidão para as janelas e corredores próximos, interrompendo praticamente todas as aulas que ali se desenrolavam. Em meio à tormenta, praguejava contra tudo e todos, até que um intenso raio atingiu a árvore e Tobias se estatelou no chão enlameado. <br /><br />Apavorados, os estudantes e professores não souberam o que fazer. O corpo chamuscado jazia em frente a eles. A fumaça e o cheiro pútrido infestavam o local. A menina ruiva desatava em lágrimas. Nunca tivera a oportunidade de confabular com o garoto, tão misterioso e peculiar. Se era proteção o que ele queria, ela poderia dar a ele. Bastava uma única oportunidade. O ano letivo havia começado de maneira trágica, e seria lembrado por gerações de estudantes naquele colégio. Quanto à mãe, entrou em estado catatônico quando soube do infortúnio de seu filho. Não conseguia conceber o fato de que a sua proteção em demasia fora a causa da morte de sua prole. Para ela, fizera o certo, dando toda a atenção necessária e privando-o de trágicos impasses mundanos. Em seus devaneios não-ortodoxos, não enterrou seu filho amado, mas recolheu o seu corpo carbonizado e colocou-o em uma grande redoma de vidro, em um formato semelhante ao pote de Pedrinho, lacrando-o e o colocando embaixo de uma árvore no quintal de casa, expondo-o à uma humilhação funesta e infindável.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-48443071284989859492010-04-06T12:40:00.001-07:002010-04-06T12:40:25.310-07:00O Padrinho.Meu tio falou que ia me afogar. Acho que é porque ele é meu padrinho, e não meu tio. Não sei qual o motivo de ele não gostar de ser chamado assim. Deve ter a ver com aquele filme do mafioso que fala engraçado. "O grande chefão", ou algo assim. Nesse filme parece que eles matam gente da própria família. Aliás, achei estranho que quase a cidade inteira é da "família", e que tem uma família inimiga. Como assim? As pessoas são da mesma família, mas de famílias diferentes? Quanta família! Não entendo nada desses filmes de adulto.<br /><br />Enfim, voltemos ao meu tio. Ele tem aquela pose de motoqueiro, apesar de não ter moto nenhuma. Sempre com a barba meio áspera, de um jeito que me dói quando ele vem me abraçar. Se for ver bem, não se parece em nada com o meu pai, sempre lisinho e penteado. Meu pai sim é um cara normal; alinhado, com cheiro de loção e falando um português cheio de palavras complicadas. Esses dias ele chamou meu tio de "boqueteiro" em uma briga. Fui correndo no dicionário procurar essa palavra, mas não encontrei. Além disso, levei um tapa na boca quando perguntei pra minha mãe o significado. Suponho que tenha algo a ver com aquelas coisas de matar gente da família, que nem no filme.<br /><br />Ele tem uma filha, que é nova mas bem crescida. Não sei porque, mas quando fico perto dela, me sinto confuso. Meio nervoso, assim. Clarice Siqueira. Uma vez ela me abraçou e pude sentir que tinha um cheiro bom, e que era macia. Senti vontade de nunca mais largar. Tinha umas curvas diferentes, confortáveis. Nunca havia experimentado nada igual. Mas logo em seguida o meu tio me puxou com força, me separando dela. Não entendi o motivo de tanta grosseria, mas ele conseguiu transformar o meu sorriso em choro, pois ralei meus joelhos quando ele fez aquilo. "Não se aproveite, moleque insolente!", falou com braveza, entre os dentes, parecendo um cachorro raivoso. Acho que foi nesse dia que o meu pai brigou com ele. É, foi sim. "Meu filho não vai ser um boqueteiro igual a você". Ficaram várias semanas sem se falar.<br /><br />Mas é claro que eventualmente eu acabei esquecendo, afinal crianças esquecem das coisas quando presenteadas. Ele me deu um posto de gasolina de brinquedo, desses com elevador e lava-rápido. Fui o garoto mais legal da vizinhança por vários dias, todo mundo ia brincar comigo. Era estranho, às vezes ele era simpático mas de vez em quando vivia brigando comigo, me deixando com medo. Agora há pouco, enquanto tomava banho de piscina com Clarice e o irmão neném dela, ele, meu pai e uns amigos do futebol faziam um churrasco na beira da piscina. Eles estavam lá, distraídos, e eu brincava de lutinha com Clarice. Sem querer, o biquini dela - bem pequeno, por sinal - escorregou e ela ficou com as partes redondas a mostra. Não consegui parar de olhar, era uma das coisas mais bonitas que eu já tinha visto. Mas nisso eu olhei pro lado e vi o meu tio correndo em minha direção, me pegando pelos braços e me chacoalhando com força na frente de todo mundo. "Seu moleque pervertido, vou te afogar". Ainda bem que o meu pai chegou bem na hora. Agora está todo mundo mais calmo, menos Clarice, que chora sem parar.<br /><br />Pelo menos sempre depois que o meu tio fica nervoso eu ganho presentes. Falando nisso, lá vem ele trazendo uma roupa de médico, parece. Ou de açogueiro, não tenho certeza.<br /><br />Oba!Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-65686348270069470912010-04-05T12:46:00.001-07:002010-04-05T18:26:17.956-07:00IlusõesO cheiro dos lírios e da grama cortada a agradavam. Costumava acordar disposta quando tais odores entravam pela janela de seu quarto, especialmente se o dia estivesse ensolarado. Este era um destes dias, no entanto tinha levantado com a pior das sensações. Havia discutido na noite anterior, justo quando esperava ser surpreendida. Como toda mulher, adorava lisonjas, fossem ínfimas ou extravagantes; mas tudo que recebera fora a decepção inesperada.<br /><br />Lavou o rosto inchado de sono em sua pia de mármore, onde geralmente levava minutos para escolher qual maquiagem usar; mas agora nem se importava com isso, tamanho o aperto que sentia por dentro. "Você não entende o que eu quero", lembrava e chorava, ouvindo em sua mente a voz rouca de seu então namorado. A discussão inesperada havia mudado drasticamente seus planos. Teria de reagendar uma miríade de eventos e cancelar muitos outros, mas isto nada era perto da desolação amarga na qual estava sendo submetida.<br /><br />Apesar das imperfeições costumeiras de todo relacionamento, ela cria que este não estava fadado à destruição, e que resistiria incólume a inúmeros obstáculos. Suas diferenças, gostos e vivências eram díspares, mas ela nutria o pensamento de que eram complementares, e não incompatíveis. E de fato, o aprendizado era mútuo, como naquela canção em que "ela era de Leão e ele tinha dezesseis". Só que ele não enxergava por este prisma, deduzira ela, pois pelo seu discurso na noite anterior nada mais restava a ser feito.<br /><br />Ainda no banheiro, se via novamente sem chão. A insegurança, que com vigor havia combatido, retornava em um ímpeto monstruoso, o que a deixava apavorada. Relutava em se deixar levar por novas paixões, temerosa pela decepção inevitável, e logo quando cedera, fenecera. Era mais um hecatombe frustrante em sua sofrível vida amorosa. Enquanto lutava para segurar um resquício de sanidade, ouviu a campainha da porta tocar. A mesma campainha que até recentemente era o prelúdio de afagos e risadas, anunciando a chegada de seu pretendente. Foi atender, atordoada e entorpecida, quando para sua surpresa, se deparou com inúmeras dúzias de rosas. Atônita, juntou o cartão e descobriu que tudo não passava de uma encenação para ludibriá-la. Era o aniversário do casal, na qual havia esquecido. Sentiu vontade de odiá-lo ainda mais, mas percebeu que o que sentia nada mais era do que amor.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-89255231738077554382010-04-02T10:37:00.001-07:002010-04-02T14:31:55.574-07:00ArrependimentoCaminhar por aquelas bandas me doía. A lembrança da textura da grama mal cuidada era fresca, assim como a tinta outrora renovada dos corrimões logo à frente. Hoje, a tinta já havia descascado, expondo ao mundo a avassaladora ferrugem; porem a minha ferrugem eu escondia. Não tinha coragem de deixar transparecer o quão danificado eu estava, seria um sinal de fraqueza, e isso eu não me dava ao luxo de demonstrar. Mas ali eu estava sozinho. Poderia fraquejar, nem que fosse por um mísero momento. No entanto, eu saberia que havia me traído. Segurei o aperto em minha garganta e tentei transformar tais lembranças em sorrisos. Sorrisos funestos, em um saudosismo masoquista e desnecessário, mas ainda sorrisos. Contemplei, sentado na grama, aquele que fora o nosso lugar durante anos. Adormeci e sonhei que não havia aberto mão de tudo. Que ainda tinha a sua companhia e que tudo continuava intocavelmente perfeito. Debaixo da chuva, virei para o lado e me fiz de cego, ignorando o que sentia, apenas me enganando de que não havia lágrimas de arrependimento junto com a as gotas que molhavam o meu semblante.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-21943526953105815652010-03-22T17:38:00.000-07:002010-03-22T18:49:59.488-07:00Podridão perfumada.Adentrou o recinto cambaleando, ébrio e inconseqüente, fazendo da balbúrdia o seu estandarte. Os transeuntes, estupefatos com tamanhas atrocidades, sucumbiram ao terror do promíscuo e permaneceram incrédulos diante da cena que presenciavam. O bêbado, tropegando tanto em palavras quanto em objetos, defecava nos finos pratos recém preparados pelo chef chileno daquele restaurante. Suas calças arriadas e sujas contrastavam com o corte simétrico, elaborado e requintado.<br /><br /> Aparentava ser um homem respeitável, não fossem suas atitudes naquele momento. O traje imponente e delineado em seu corpo firme parecia um contraponto irônico em relação ao seu estado lastimável. Com suas vestes manchadas por dejetos de odores fétidos, parecia ter saído de um depósito putrefato de alimentos. Envolto em suas próprias fezes, avançava em direção aos que vislumbravam paralizados àquela cena grotesca.<br /><br /> “Regozijai em sua mediocridade!”, bradou. Atônito, o proprietário do fino restaurante tentou intervir, no entanto fora alvejado impiedosamente por um punhado de excremento. Não suportando o acontecido, expeliu com violência dejetos de comida, vomitando um de seus pomposos pratos.<br /><br /> De um lado, um humilhado administrador; de outro, o arauto do escárnio sanitário, ensandecido em seus devaneios nada higiênicos. O restaurante outrora soberbo então fenecia na podridão, tanto física quanto moralmente. Era a sobriedade contra a ebriedade, prestes a entrarem em um embate dispensável e racionalmente incompreensível.<br /><br /> O proprietário, impotente em conter a algazarra do incontido beberrão, avançou à mesa mais próxima e se apoderou de uma faca com as serras gastas, porém ainda pontiaguda. Adiantou-se em direção ao baderneiro para desferir um único e mortal golpe, porém cambaleou ao pisar em seu próprio vômito. Fracassou ao tentar recobrar o equilíbrio, desfalecendo perante a platéia atordoada, que nada pôde fazer ao presenciar a ponta da faca rasgar e atravessar o rosto do indivíduo, enquanto este ia de encontro ao chão.<br /><br /> Enquanto a multidão se reunia em volta do corpo moribundo, o sujeito embriagado recolhia suas calças e se apressava em deixar o local. Quanto ao dono do restaurante, esmoreceu na eternidade, cuja existência findou-se em meio a sangue, vômito e fezes.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-30093674769724388932009-08-09T00:22:00.001-07:002009-08-09T00:22:40.019-07:00Quatro da manhãa ebriedade é uma dádiva dos deuses alcoolizados, bezuntado em maizena e fósforo acético rsrsrs<br /><br />nunca antes um ipod sentiu tanto tesão em presenciar uma infante desnuda... a capa do cd novo do pink floyd excitou-se com a tamanha desventura endurescente da pequena ninfeta... pênises eretos<br /><br />o lado negro da lua é a constatação da perversidadde humana, permeada por inúmeras atrocidades bucólicas, com a circuncisão efêmera que é a vida pacata dos eternos transeuntes famintos por excremento.<br /><br />EEstou b?êbado.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-58843564623710967342009-07-20T20:09:00.000-07:002009-07-20T20:21:54.826-07:00A Trilogia Ébria - Parte I – Imutável e inconsequente.Dentre todas as possibilidades, a mais absurda se concretizou. Após mais uma semana de intenso labor, os ânimos se encontravam desgastados para o nosso protagonista. Hideo, um simpático descendente de japoneses, contava os minutos para as dezoito horas, momento onde deixaria o seu cubículo infestado de tristeza e papéis para jogar fora - pelo menos temporariamente - as algemas do mundo corporativo. A companhia nefasta de seu gerente de vendas nada mais seria do que uma lembrança inconveniente em seu breve momento de lazer, mas isso não seria um problema.<br /><br /> Exatamente às seis horas da tarde Hideo recolheu seus pertences, desligou seu computador já amarelado devido ao desgaste e se dirigiu a saída do escritório onde trabalhava, sem nem ao menos se despedir de ninguém. Sentia repulsa só de imaginar que teria de ouvir aquelas vozes insuportáveis na próxima semana. Mas agora era o momento para esquecer tudo. As reuniões infindáveis e supérfluas, a fadiga, a constante sensação de estar perdendo momentos preciosos de sua vida, tudo ficaria para trás. Agora era a hora de confabular e bebericar com seus confrades, escudeiros da esbórnia semanal.<br /><br /> Eram um grupo de ébrios, boêmios, arautos da intelectualidade senil. Suas facetas se revelavam a cada copo de cerveja, mostrando o vigor e a vivacidade que inexistiam quando presos ao cinza das obrigações frívolas que exauriam quaisquer traços de felicidade. O cotidiano se fazia distante quando inebriados pelo mais puro lúpulo, cevada e malte. Acompanhando Hideo estavam Jorge, Frederico e Kleber, amigos de longa data que cultivavam interesses em comum, em especial o apreço pela degustação descompromissada dos finais de semana. Suas histórias entretinham ouvintes, que, incrédulos com tamanhas peripécias, se sentiam influenciados pelos trovadores embriagados. Por muitas vezes lembravam-se de quando que encantavam raparigas, desafiavam autoridades, matutavam sobre assuntos diversos e submetiam suas vidas ao perigo mortal. Sim, perigo mortal, caros leitores.<br /><br /> Não foram poucas as vezes que se viram em situações que poderiam findar suas vivências. Houve aquela em que, após duas garrafas de vodka, decidiram se dirigir ao parque de diversões que se alocava no terreno baldio no subúrbio da cidade para demonstrar suas habilidades nos carros de choque. Apesar da velocidade controlada o grupo conseguia desafiar a foice da morte, expondo seus frágeis corpos a possíveis fraturas ao deitarem nas áreas de impacto dos carros enquanto seus parceiros os guiavam freneticamente em direção a qualquer objeto em seu caminho. Quando os controladores do brinquedo percebiam o que estava a acontecer já era tarde demais. Sempre alguém acabava por rasgar algum membro de seu corpo, porém o fim da vida não os encontrava. Outra vez, depois de terem ingerido uma solução etílica que consistia de tequila, álcool de cozinha e cachaça artesanal, penderam um trator - que haviam furtado em uma fazenda nos arredores da cidade - em um barranco enlameado, deixando-o suspenso a uma altura de doze metros. Riam e bradavam, ao passo em que o veículo titubeava em direção ao chão pedregoso. No último instante saltaram para o chão, assistindo ao infortúnio do maquinário de outrem. Mas o maior perigo vivido até então se dera na noite de hoje, após a infindável semana laboriosa.<br /><br /> Com a percepção alterada devido ao consumo excessivo de inúmeras bebidas alcoólicas, a ideia de danificar cabos condutores de eletricidade parecia adequada a uma noite calma e tediosa como aquela. Dirigiram-se à estação central da cidade, driblaram a segurança pífia e seguiram para os geradores principais furtivamente. Apesar de seu estado calamitoso, o grupo conseguiu manter a discrição ao adentrar o perímetro da estatal. Frederico, o mais velho do bando, tomou a dianteira e encontrou um painel que julgou ser indispensável para o funcionamento da estação. De fato estava correto, visto que, ao arrombar a portinhola que protegia o equipamento e banhá-lo com cerveja quente, o mesmo gerou uma queda de energia nos arredores. Hideo, em seu ímpeto embriagado, seguiu ao cabo de luz mais próximo que encontrou e o puxou, arrebentando-o com facilidade, já que o fio escolhido possuía uma espessura irrelevante. Parte dele continuava afixada no gabinete em que se encontrava a altura do peito de Hideo, e a outra jazia a dois passos de distância. A falta de energia agora açoitava a muitos, porém para os arruaceiros aquele momento era o esplendor da excitação inconsequente e sem causa. O grupo se encontrava disperso, cada um vandalizando à sua maneira. Nem parecia o grupo que, noites atrás, se contentava com algumas garrafas de cerveja e discussões acaloradas sobre filosofia, existencialismo e culturas diversas. Após alguns instantes de arruaça solitária, se encontraram novamente no painel encharcado por cerveja. Kleber trazia em seus braços um vira-lata morto, já em estado de decomposição, fétido e asqueroso, e o jogou no chão entre os outros rapazes. Ele não conseguia disfarçar o prazer em profanar o pobre canídeo. Jorge e Frederico sentiram repulsa com a atitude de Kleber, porém Hideo compartilhou do regozijo funesto de seu comparsa.<br /><br /> Em uma atitude que deixaria ativistas indignados, o nipônico recolheu o corpo inanimado do cachorro e o levou até a parte do cabo que se encontrava fixa no painel inutilizável. Abriu a boca do animal e, grosseiramente, enfiou na garganta o cabo que ali pendia, enquanto buscava a outra parte para fincar no esfíncter retal do cadáver em suas mãos. Hideo gargalhava e brincava com o corpo que balançava preso em suas extremidades. Frederico e Jorge ficaram aterrorizados com as atrocidades de seu amigo, que sempre demonstrou educação impecável, mesmo quando em um estado deplorável devido à bebida. Parecia possuído por alguma entidade diabólica, porém eles sabiam que não era o caso, por desacreditarem em fantasias mundanas. Enquanto Hideo dava tapas no animal, os outros rapazes perceberam uma movimentação ao longe e ficaram em estado de alerta. Viram um vulto por entre a bruma e empalideceram, prevendo o futuro próximo, onde seriam capturados e presos por baderna e destruição de bens públicos. No entanto, suas previsões estavam foscas como a neblina, e nem se equiparavam com o que estava por vir. O japonês ignorou os avisos de seus companheiros e continuou a desrespeitar o defunto decomposto do cão, desta vez fazendo furos e rasgos na pele com seu canivete suíço. No exato momento em que Hideo fincou o objeto na garganta do cachorro, um estouro de proporções colossais o fez cair ajoelhado no chão, incapaz de gritar ou de esboçar qualquer reação, como por exemplo, largar da lâmina em que segurava. A energia havia voltado na região, graças à conexão canina feita pelo bêbado. Seu azar foi estar em contato com o corpo condutor no momento em que a eletricidade retornou. Os olhos cerrados do oriental estavam esbugalhados, o globo ocular adquiriu tonalidades rúbeas e seu corpo se contorceu de modo avassalador. Faíscas reluziam o ambiente e fumaça saía por todos os poros de Hideo. Estava carbonizando na frente de seus amigos, impotentes perante a terrível situação. O show de horror findou quando os ébrios restantes viram uma caixa de madeira voando por cima de suas cabeças e acertando o que antes era um vira-lata. O cabo se soltou e a energia não teve mais por onde ser conduzida. Tanto o cão quando o humano estatelaram no chão com um baque surdo. Não havia o que fazer, não havia quem salvar. Hideo estava morto, carbonizado em frente aos seus amigos.<br /><br /> Três guardas noturnos chegaram ao local da tragédia e imediatamente renderam os companheiros do finado, sem nem se preocuparem com o corpo que jazia e chamuscava logo à frente. Morto é morto, e os vivos é que têm que ser punidos. Tinham destruído um patrimônio do estado, e levado ao breu centenas de milhares de pessoas, causando prejuízo a empresas, entidades públicas e propriedades privadas. Apesar de não existirem registros fílmicos dos vândalos adentrando a estação, tinham sido pegos em flagrante, dificultando as chances de saírem inocentados. Kleber, Jorge e Frederico estavam estupefatos, petrificados diante da imagem de um Hideo irreconhecível. Logo ele, o autor de inúmeras peripécias, arauto do ufanismo ébrio, morto. Boa parte de suas histórias tinham início a partir das ideias do oriental, sempre descompromissadas, mas garantindo entretenimento durante toda a noite. A “sociedade destilada” estava desfeita. Havia, naquele momento, virado cinzas, assim como um de seus mais entusiasmados participantes. A incredulidade assolava aos rapazes de forma tão devastadora que nem perceberam a sua chegada à delegacia. Suas vidas haviam chegado ao fim. <span style="font-style: italic;">Hideo os fitava, impotente.</span><br /><br />Termina aqui a primeira parte da Trilogia Ébria. Em breve, o segundo capítulo, dando um novo enfoque à narrativa. Aguardem.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-18499623827760150342009-07-12T06:40:00.001-07:002009-07-12T06:41:52.836-07:00Domingos de Fé<span style="font-weight: bold;">rodrigo</span> diz:<br /> wassap<br /><span style="font-weight: bold;">Kari</span> diz:<br /> suuup nigger <br /><span style="font-weight: bold;">rodrigo</span> diz:<br /> o que nos traz nessa linda manhã dominical?<br /> foi à missa, suponho<br /> como de costume, certo?<br /><span style="font-weight: bold;">Kari</span> diz:<br /> Com toda certeza, fui orar para jesus nosso senhor e lhe entregar o dizimo como sempre, quero ter uma boa casa quando eu for para o céu.<br /><span style="font-weight: bold;">rodrigo</span> diz:<br /> ah, minha cara! compartilho de tais anseios<br /><span style="font-weight: bold;">Kari </span>diz:<br /> Fico feliz irmão, logo jesus retornará e todos os incrédulos pagarão por não ter fé<br /> E nós fiéis todos estaremos no aconchego de nosso senhor bom Deus<br /><span style="font-weight: bold;">rodrigo </span>diz:<br /> de fato<br /> os pagãos hão de sofrer sob a ira do Senhor<br /> e Ele não hesitará em exterminar os hereges<br /><span style="font-weight: bold;">Kari </span>diz:<br /> HAHAHAHAHHAHAHAH okay chega<br /> to ficando com medo já<br /><span style="font-weight: bold;">rodrigo </span>diz:<br /> ahfusdhusae<br /><span style="font-weight: bold;">Kari </span>diz:<br /> conversa mais que produtiva<br /><span style="font-weight: bold;">rodrigo </span>diz:<br /> vou postar no meu blog, ok?<br /> xDUnknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-55680580341877179582009-06-29T20:23:00.000-07:002009-06-29T20:41:18.148-07:00Consequências da inconsequência.<span style="font-style: italic;">Texto feito com base no tema proposto pela Flávia.</span><br /><br />Era início de primavera. Para muitos, isto significa a renascença da alegria, mas para Seu Aldo Schroeder significava dinheiro no bolso. Ele possuía uma singela barraca de cachorro-quente, que garantia o seu sustento e o de sua família. Trabalhava arduamente de terça a domingo, sempre no período da noite, arrastando-se até a madrugada. Suportava frio intenso, transeuntes mal-intencionados e rapazes ébrios recém-saídos de noitadas inconseqüentes. Mas continuava lá, firme e forte com suas latas de milho verde e pacotes de farofa. Mas na primavera a história era outra.<br /><br />Na última semana de setembro iniciavam-se os joguinhos abertos da principal universidade das redondezas. Centenas de jovens acadêmicos da faculdade Clemente Santino se reuniam para participar das competições amistosas entre os cursos, intensificando o movimento no campus. Era nesta época do ano que Seu Aldo se retirava de seu ponto fixo na movimentada avenida no centro da cidade para se instalar nas redondezas do ginásio universitário. Deixaria de lado os mendigos e os embriagados para, durante duas semanas, quintuplicar o seu faturamento diário às custas de afortunados e cheirosos jovens estudantes.<br /><br />Chegou logo pelo início da manhã, na expectativa de começar a angariar fundos desde cedo, o que foi um equívoco de sua parte. As festividades esportivas só teriam início no horário da tarde. No entanto, pôde observar uma movimentação peculiar próximo a reitoria. Centenas de jovens confabulavam em frente ao prédio, aparentando um certo agito. Faixas estavam expostas e grupos distintos se identificavam usando camisetas de cores semelhantes. Seu Aldo não conseguia identificar com precisão o que constava em tais faixas, devido à sua idade avançada, mas concluiu ter relação com os jogos estudantis. Assentou-se à sombra de uma árvore próxima, de corpo imponente e frutos em fase de desenvolvimento. Instalou ali o seu humilde carrinho, com calma e simpatia. Cumprimentava os jovens que ali transitavam com um carinho quase fraterno, digno de um amável avô. Em poucos minutos os cães abandonados que na universidade circulavam já estavam fazendo companhia a Seu Aldo.<br /><br />O som de buzinas a gás e o cântico uníssono dos jovens animava o vendedor, assim como o agito das faixas e os batuques em sincronia. "Vivazes estes infantes",pensou. Fazia muito que seus netos não o visitavam, o que lhe entristecia imensamente. Sentia falta das risadas e dos choros daquelas que um dia foram suas crianças. A juventude os atingiu e os fizeram esquecer de seu avô, para seu infortúnio. Estar ali, naquela universidade, presenciando tamanha energia, o fazia se sentir nostálgico em relação a algo que nunca pôde experimentar. A lágrima que escorria em seu rosto enrugado não tinha como ser definida: era um misto de tristeza e alegria. Estar tão próximo da juventude o fazia se sentir mais jovem. Lembrou dos tempos onde a insegurança e a incerteza o assolavam, e tinha de enfrentar tudo sem saber para onde ir. Lembrou da primeira namorada, das ideologias, das expectativas e do ímpeto insaciável de conhecer o mundo. Abriu o pacote de salsichas congeladas.<br /><br />Após alguns minutos de preparo em água fervente, o odor característico do alimento começou a se espalhar pelo ambiente, naturalmente atraindo a atenção da massa nas proximidades. Seu Aldo ficou espantado com a reação dos estudantes: estavam todos inquietos, parecendo em transe. "Durante anos passei noites e noites me esforçando para me manter vendendo na noite sem nunca perceber que este lugar era uma mina de ouro!", refletiu. Ficou estupefato com o aparente sucesso de sua culinária urbana e começou a separar as moedas para distribuir os trocos. A multidão alvoroçada se dirigia à barraca do velho Schroeder, quando de repente o som ensurdecedor de um estridente apito ecoou sobre as cabeças que ali se encontravam.<br /><br />Todos que ali estavam ficaram imóveis, fazendo Seu Aldo indagar o que poderia estar acontecendo. Do meio do aglomero surge um jovem de estatura média-alta, calças jeans surradas, camiseta preta e óculos com aros quadrados. Sua barba estava por fazer, encobrindo boa parte de seu rosto, assim como suas madeixas despenteadas. Ele caminha em direção a Seu Aldo de forma austera, enquanto todos o observam com atenção. "Bom dia, meu filho! Gostaria de um cachorro-quente?", pergunta ao jovem, com desmedida afetuosidade. "O senhor está maluco?", questiona pausadamente o jovem rapaz. O velho senhor fica perplexo com a audácia do estudante, e emudece tamanha a surpresa. "O que diabos você pensa que está fazendo aqui? Não tens noção do inconveniente?", continua. "Meu filho, o que lhe fiz de errado?", tenta apaziguar. O acadêmico vira para a multidão calada, esboça um sorriso irônico e se vira novamente ao vendedor, tomando de suas mãos um pão com salsichas e jogando-o no chão. O alimento ali esfacelado significava dois reais a menos para o esforçado trabalhador, mas isto pouco importava para todos ali presentes.<br /><br />"Seu velho tolo e ignorante!" bradava ferozmente o descontrolado jovem. "É por causa de pessoas como você que o mundo em que vivemos está para entrar em colapso", continuou. "Você tem noção da quantidade de animais mortos que foram necessários para transformar isto que você chama de comida?". Suas veias saltavam, a saliva era expelida em grandes quantidades e seus olhos negros estavam inquietos. "Frangos, porcos, e sabe-se lá o que mais! E os corantes? Este lixo industrial é um veneno pra nós e pra natureza! A energia despendida pra produzir isto é algo que nem consigo imaginar!" Seu Aldo ficou petrificado, sem entender o que estava acontecendo. Tentou recuperar a calma, e logo buscou, com serenidade, seu par de óculos. Colocou-os pacientemente e olhou novamente ao seu redor. Arrependeu-se imensamente de ter escolhido se assentar naquele lugar ao descobrir que tamanho alvoroço era referente à uma manifestação do grupo vegetariano da universidade. Os acadêmicos descobriram recentemente que toda a carne utilizada nos restaurantes da instituição provinha de abatedouros clandestinos, o que foi o estopim para as manifestações, que haviam se iniciado naquela manhã. A mesma manhã em que Seu Aldo tinha escolhido para lucrar um pouco mais.<br /><br />"Meu filho, me desculpe, não quis provocá-los", implorou o velho. A multidão não conteve as risadas e os batuques frenéticos. O jovem barbado e desleixado, que sem dúvida era o manifestante líder naquela situação, se aproximou do senhor e fitou-o agressivamente. Questionou: "Você está me achando com cara de palhaço?". Seu Aldo não conseguia disfarçar o nervosismo, não havia ninguém ali para lhe dar suporte. Nada de seguranças ou policiais. Ele só queria ir embora dali. "Sugiro que o senhor dê uma bela pesquisada em salsichas vegetarianas, sabe?", desdenhou o impetuoso ativista. "Além de mais saudáveis e ecologicamente corretas, tem um gosto melhor", continuou, derrubando no chão a panela repleta de água quente e salsichas. Seu Aldo cambaleou para trás na tentativa de fugir de possíveis queimaduras. Logo após o ato do jovem, vários outros estudantes avançaram e começaram a destruir a barraca de cachorro-quente. Os sons das buzinas e dos gritos, que antes energizavam Seu Aldo, agora o amedrontavam. Estava impotente perante a barbárie do futuro da nação. Após poucos minutos, nada mais restava além de metal retorcido e alimentos pisoteados. O líder dos manifestantes era ovacionado e erguido constantemente pelos outros jovens, sendo jogado para cima em uma celebração da incoerência.<br /><br />Logo em seguida, o som das sirenes se aproximou, resultando na evacuação imediata do local. Faixas, latas de buzina e instrumentos musicais foram largados no meio da rua, fazendo companhia à barraca destroçada e ao pobre velho que jazia inconformado no meio-fio. Logo à sua frente, visualizou uma carteira abandonada. Pegou-a para tentar, talvez em vão, usá-la como evidência para os policiais que chegariam em breve. Indescritível foi o seu susto ao identificar ninguém menos que o jovem que há poucos minutos o insultava sem chance de defesa. Outra lágrima apareceu, mas desta vez ele tinha certeza que era apenas de tristeza. Não pôde acreditar ao ver o nome naquele documento: Aldo Schroeder Neto.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-82328706722145521952009-03-04T05:18:00.001-08:002009-03-04T05:23:37.980-08:00A arte de não ter nada para escrever.Imagino se os clássicos da literatura iniciados com o conhecido "era uma vez..." não tenham sido criados ao acaso e nas coxas, sem ter sido necessariamente uma idéia pré-concebida. Digo isso porque há dois minutos atrás eu não fazia idéia sobre o que escreveria, e adivinha como eu iria começar o texto? "Era uma vez..."<br /><br />Não que eu esteja me comparando aos grandes literatos de outrora, pelo contrário. Estou passando por uma das piores fases de atrofia cerebral, onde o meu senso crítico está cada vez menos apurado, sinto-me incapaz de fazer análises profundas a respeito de algo e até me indago sobre a escrita de palavras simples, tendo de consultar o querido e estimado google constantemente. Devo isso a alguns fatores em especial:<br /><br /><span style="font-weight: bold;">- Falta de leitura.</span> Sempre tive o prazer de ler, apesar de não cultivar tal atividade como gostaria. Porém, desde a metade do ano passado, rendi-me à leitura preguiçosa, de fácil digestão. Culpa da internet? Culpa minha.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">- Intensificação da vida social e ébria. </span>Existem momentos e momentos. Em alguns deles, queremos passar o dia de pijama, estudar e constituir uma família. Já em outros, queremos a libertinagem, a futilidade e porque não a promiscuidade. Ao momento, eu me encaixaria no segundo padrão. Não que eu esteja passando as minhas noites injetando drogas e participando de bacanais com transsexuais, mas confesso que estou dando prioridade às garrafas de heineken e não aos livros.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">- Redenção ao trabalho escravo. </span>Em meus empregos anteriores, sempre pude tirar meia horinha para masturbar a minha mente com textos supostamente bacanas à primeira vista, mas vazios em sua essência, disfarçados por uma construção estrutural aparentemente satisfatória. Hoje em dia é raro eu ter este tempo, visto que a demanda de anúncios pendentes a chegar em minha mesa aumenta em progressão geométrica. Levando em consideração que todo blogueiro que cria seus próprios textos se considera um "gerador de conteúdo", deixei de o ser faz tempo. Hoje, nada mais sou do que um publicitário automatizado, uma mera máquina criadora de anúncios, sem uma abordagem intelectual em meus trabalhos. Um peão da propaganda, trabalhando na linha de produção, sem o "glamour" da criação de novas idéias e conceitos para inspirar consumidores, mas sim gerando materiais como se fossem lanches de uma cadeia de fast-food. Existem várias opções de lanches, mas em sua essência são todos basicamente os mesmos.<br /><br />São textos como este que você acabou de ler que me fazem pensar sobre determinadas obras clássicas humanidade <span style="font-style: italic;">(mais uma vez: pelamordedeus, não pensem que estou me comparando a algum autor relevante. Este é um texto inútil em um blog medíocre que ninguém lê).</span> Não necessariamente Nietzsche tenha criado "O anticristo" com tal idéia em mente. Pode ser que, em uma bela manhã ensolarada de domingo ele tenha puxado uma folha qualquer e, de ressaca, tenha escrito: "Era uma vez um anticristo". Ok, péssimo exemplo. Horroroso exemplo. Mas tenha quase toda a certeza de que com LOST foi assim. :D<br /><br /><span style="font-style: italic;">Ps: reparem como no último parágrafo usei argumentos pífios, demonstrando cansaço e desgaste do autor. Eliminar a preguiça mental é um trabalho árduo, amiguinhos. Um dia eu chego lá.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-86968379457127592252008-01-24T04:28:00.000-08:002008-01-24T04:29:06.438-08:00A voz do povoBeto era simples porém feliz. Apesar de ter um trabalho aparentemente monótono e rotineiro, os seus dias sempre o reservavam alguma surpresa. Como boa parte dos cidadãos honestos e trabalhadores deste país, acordava em seu humilde casebre nos arredores da cidade e logo fazia o desjejum, que consistia de pães secos e leite. Tão logo que comia, saía apressado para pegar a condução, ou melhor, as conduções. O tráfego intenso e a distância complicavam a chegada de Beto ao seu lugar de trabalho, no centro da cidade, logo ele deveria se preparar cerca de duas horas antes do início de seu não tão puxado porém cansativo turno. O ônibus que o levava para cá e para lá era sempre apinhado de pessoas das mais distintas histórias: eram camareiras indo, prostitutas vindo e pobres senhores sem destino definido, apenas tentando vender - inutilmente - broches malfeitos e mal cuidados nos corredores apertados do veículo. Beto se sentia abençoado ao notar que a maioria das pessoas tinham uma vida ainda mais complicada que a sua, por mais cruel que fosse este pensamento.<br /><br />Ao desembarcar no terminal central, Beto percorria o caminho mecanicamente. Inúmeras foram as vezes que foi sem nem perceber o que acontecia ao seu redor. Mas sempre observava os deficientes - era impossível não notar. Ele não entendia como poderia haver tantas pessoas com deformidades circulando em áreas urbanas. Não que ele fosse a favor do banimento de tais indivíduos, apenas não entendia o porquê de tanta desgraça ambulante. E por que apenas os pobres eram assim? Não existiriam ricos com iguais anomalias? Ou será que eles eram mantidos em sigilo, para que a alta sociedade não soubesse de tamanha vergonha? Isto o incomodava, mas não o bastante para tentar fazer algo em favor destes.<br /><br />O sol escaldante não afetava Beto em sua jornada laboral, porém o calor incessante gerado pelos prédios, asfalto e veículos circundantes perturbava qualquer um que transitasse pelas ruas lotadas do centro da cidade. Em menos de duas horas em pé já era possível ver que pessoas com menor tendência a se expor a situações como esta não aguentariam o suor acumulado. Este em pouco tempo se transformaria em uma papa gordurosa e com um cheiro não muito agradável. Mas Beto suportava. Beto quase gostava. Apenas gostaria de ser melhor remunerado, mas tal situação era utópica e ele tinha ciência disso. A vida de um locutor de pseudo-lojas de departamento realmente não era das mais glamourosas, mas era a garantia do alimento de amanhã. <br /><br />Sua voz característica era marca registrada na Rua Guararapes, conhecida pelos artefatos ilegais e de baixa qualidade. Beto anunciava durante todo o dia as diversas promoções da Casa Moda Fashion, que além de disponibilizar vestimentas populares possuía uma seção específica para eletro-eletrônicos de marcas menos conhecidas e por consequência mais acessíveis a todos. As promoções em questão não eram autênticas, elas apenas eram divulgadas mas o preço das mercadorias continuava inalterado. Indiretamente Beto ludibriava os pobres e ingênuos cidadãos que circulavam, mas ele nada podia fazer afinal tais mentiras sustentavam a sua família. Certa vez ele entrou em discussão com o seu chefe com a aparelhagem ligada, o que resultou em uma debandada geral dos clientes. A voz singular e icônica de Beto, típica dos locutores de lojinhas urbanas, sumiu e se transformou em algo comum aos ouvidos alheios, sem nenhum brilho - ou sem nenhum atrativo cômico para os jovens de classe média que passeiam pelas ruas da cidade com seus all-stares e iPods e caçoavam do timbre forçado de Beto. Após este episódio ele percebeu que no fundo é um ator, representando o tempo inteiro, fingindo ser alguém, encarnando um papel. Ele mentia para as pessoas o dia inteiro, pessoas desconhecidas, mentia tanto no discurso sujo quanto no seu ser ao modificar o seu jeito de falar.<br /><br />Com o passar dos meses ele adquiriu uma dificuldade imensa em pegar no sono. A loja em que trabalhava começou a lucrar e a crescer e o segmento mudou. Agora a situação se invertia e o principal chamariz era a tecnologia. Tecnologia de terceira linha, direcionada para a classe CD, mas ainda assim tecnologia. O vestuário ia perdendo espaço e ficando destinada a uma modesta seção no canto da loja. As saias, as calças jeans e as jaquetas de napa davam lugar a televisores de vinte polegadas, aparelhos de CDs portáteis e sanduicheiras, todas com a opção de vinte parcelas no crediário. O movimento aumentou assim como o trabalho de Beto. Assim como o peso em sua consciência. Se antes as pessoas eram convencidas por sua voz a comprar moletons de cores berrantes e qualidade duvidosa por dezenove e noventa, agora se sentiam tentadas a despender quantidades consideráveis de dinheiro em máquinas de lavar.<br /><br />Beto se sentia mal ao ver tantas pessoas se enforcando em dívidas dispensáveis e superficiais, e boa parte da culpa era dele. Ele sabia o quão difícil era para essas pessoas juntar dinheiro e reformar a casa ou pagar os estudos dos filhos ou então ampliar os negócios. Todo o dinheiro ia embora em objetos que com certeza não eram prioridade na vida deles e isso entristecia Beto. Pensou nos deficientes que passavam diariamente por ele. Pensou também nos parentes destas pessoas, que poderiam ter ajuda da comunidade para amenizar o sofrimento alheio. Pensou que talvez os próprios parentes se endividassem na antiga Casa Moda Fashion e deixassem as anomalias para lá. Mas Beto não podia deixar de exercer tal função, não havia outra alternativa. Era difícil para alguém como ele, maduro o bastante, conseguir outro emprego de uma hora para outra. Sentia-se um mero subalterno, enforcado e manipulado por outrem. Beto era simples porém feliz. Mas sentia um imenso vazio.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-64303124319253057632007-09-27T11:02:00.001-07:002007-09-27T11:04:02.598-07:00ALKJSSe eu estou infeliz no trabalho a culpa é minha ou do lugar?<br />Eu que sou incompetente ou a empresa que me deixa desestimulado a fazer um bom trabalho?Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-24621475976271328192007-09-21T12:18:00.000-07:002007-09-21T12:28:06.911-07:00Toalete da verdadeJerry Seinfeld não é apenas um comediante. É um cara que, a partir do humor, consegue enxergar as nuances comportamentais do ser humano. Tanto em seu seriado quanto em seus shows stand-up, ele demonstra conhecer bem o mundo em que vive. De forma inteligente, ele transforma a nossa hipocrisia, egoísmo, frustração e muitos outros aspectos em humor. Diz ele, em um de seus episódios, algo como: "O homem só joga a sua cueca fora no momento em que ela está completamente inutilizável, encardida e toda rasgada." Não foi exatamente isso, mas tudo bem. Pois acabei de voltar de uma sessão de defecagem no banheiro do trabalho e vi que é exatamente assim que a minha cueca se encontra. Jerry Seinfeld, um gênio.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://catedral.weblog.com.pt/arquivo/jerry_seinfeld.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px;" src="http://catedral.weblog.com.pt/arquivo/jerry_seinfeld.jpg" border="0" alt="" /></a>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-5375368206358887242007-07-04T09:33:00.000-07:002007-07-31T12:36:41.593-07:00A busca pelo Wii - Parte IEra o segundo dia do ano e eu estava a aterrisar novamente nas terras do nosso camarada Jorge Buche. Já por alguns meses eu importunava a patroa, falando incansavelmente desse novo brinquedo que prometia ser uma revolução no mundo do entretenimento eletrônico. Agora era a hora de ir atrás dele e, com isso, torrar todo o rico dinheiro que eu havia guardado com suor, trambiques e negociações ferrenhas. Meu objetivo era, ao quinto dia do mês, comprar o tão desejado aparelho, presenteando-me e me desejando feliz aniversário, em um ato de egocentrismo explícito. Então, após pentelhar os detentores dos automóveis mais próximos, fui eufórico para uma das lojas da principal (acho) rede de venda de jogos eletrônicos estadunidense: o GameStop.<br /><br /><a href="http://games.gearlive.com/blogimages/gamestopstore.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px;" src="http://games.gearlive.com/blogimages/gamestopstore.jpg" border="0" alt="" /></a> Exemplo de loja da GameStop catado no Google.<br /><br />Para mim, um mero cidadão de uma pseudo-maior-cidade-de-um-estado-do-sul-do-Brasil que mal topa com algum lugar que venda jogos eletrônicos, o GameStop era mais divertido que os brinquedos da Neverland (Jacko's), só que sem a pedofilia. Mas que beleza! Uma loja de médio porte recheada de títulos gamísticos, filmísticos e animesísticos. Dezenas de colecionáveis. Apetrechos para "envenenar" (ic!) o seu console. Fantástico. Para mim, só os jogos e aparelhos me interessavam, e era o bastante. Uma das prateleiras era reservada para ele, o meu objeto de desejo. O Nintendo Wii. De cima a baixo, jogos, controles, memory sticks e Wii Points. Ao lado, um televisor widescreen com uma demonstração não jogável estava ligado. E acima, uma caixa do console. Tremi na base, como diriam aqueles das gírias duvidáveis. Fui, em um inglês tímido e abrasileirado, pedir uma unidade para então me regozijar pelo resto do mês. O vendedor então me olhou com aquela cara de "Lamento, campeão. Você não conseguiu ser escalado para o time de futebol americano da nossa escola americana" e disse: "Foi mal, cara, mas tá em falta". Decepcionado, observei as prateleiras da loja assim como faz uma pobre criança marginal na frente de uma vitrine com o último modelo do tênis da hora. Fui para casa.<br /><br />Os dias que se passaram foram semelhantes - no que diz respeito às tentativas frustradas de adquirir o Wii. As três semanas seguintes, para ser mais exato. Foram litros de combustível gastos, solas de calçados, energias e tudo o mais. Dezenas de lojas visitadas - BestBuy, Gamestop, Circuit City, Toys R Us, Sears, Wal Mart, Target e até a livraria Barnes & Noble - e nenhum Wii. Nenhum. E olha que foram duas cidades vasculhadas. Mas o que mais se ouvia era "Desculpa, mas está em falta", "A procura é muita", "Não temos previsão" e o quase inacreditável "A Flórida inteira está sem". Chegou uma hora em que eu, desesperado por ir embora sem o Wii, apelei: fui para o EBay.<br /><br />Eu tinha como passatempo ir ilegalmente à faculdade com as minhas primas, e graças ao Wii deixei de ir alguns dias. E graças ao Ebay também. Para quem não sabe, grande parte dos produtos vendidos é por lance, diferentemente do nosso queridíssimo MercadoLivre, em que ao clicar em "comprar" o produto já é seu. No EBay, pelo menos nos produtos mais badalados, o que acontece é uma disputa digital acirradíssima, onde os lances são maiores a cada minuto. Passávamos boa parte do dia observando a quantidade escrota de Wiis sendo leiloados. Eram Wiis de todos os cantos da América (uma vez encontramos um que vinha da exótica Costa Rica). Os preços, obviamente, eram alguns dólares maiores que os normais, mas volta e meia encontrávamos um ou outro por U$270. Aí a alegria estava feita, pois faltavam apenas tres minutos para que os lances fossem encerrados. Quando víamos já estavamos na disputa. Trinta segundos e a felicidade seria nossa. Vinte e cinco segundos e o preço, que estava em 270 dólares, aumentava para caríssimos U$360, contrariando todas as leis da robótica (?). Já me via voltando para a minha terra apenas com a vontade de manejar o maravilhoso controle quase-fálico da Nintendo.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtq2fD9N8-vcdK8ZKd73mxti3V8nZQ3LoeIMAMLEnu1gz7lmz7GzpWAfh2p8nWTla6OLVOpdQtYrd5vuIeNMJecTP46auydUq7FlHx4amyGib6Sw6tkacAy-TMyFdhv6pzJRR8Lbp7Zfs/s1600-h/Imagem1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtq2fD9N8-vcdK8ZKd73mxti3V8nZQ3LoeIMAMLEnu1gz7lmz7GzpWAfh2p8nWTla6OLVOpdQtYrd5vuIeNMJecTP46auydUq7FlHx4amyGib6Sw6tkacAy-TMyFdhv6pzJRR8Lbp7Zfs/s320/Imagem1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5083411847582549154" /></a> Hoje tá mais em conta. Ou não.<br /><br />Pois um belo dia, taquei o foda-se e comprei. Sim, comprei um Wii no Ebay. U$375, se não me engano. "Foda-se a grana, vou torrar quase tudo só no Wii. Os jogos eu dou um jeito de comprar depois." Deu 5 minutos, contei para a minha prima, e a reação dela me fez me arrepender. "Seu tosco, etc.". No ato, deixei um recado para o feliz vendedor dizendo que não efetuaria a compra, e que aquilo tinha sido um ato impulsivo. Deixei o cara na mão, eu sei, mas naquela altura do campeonato eu já não me importava com isso. Recebi uma notificação do EBay de que teria a minha conta cancelada e mais um bocado de coisas que me fariam ficar levemente preocupado caso eu não estivesse quase saindo do país. Como eu não sou usuário constante do site - só fui durante Janeiro -, tanto faz se o meu nome está na lista negra deles.<br /><br />Passadas estas emoções, voltei ao GameStop mais próximo. Os vendedores já deviam estar cansados de ouvir a mesma pergunta quase todos os dias. Eu já tinha comprado jogos usados de GameCube para compensar, além de um Ps2 para o meu primo (que joguei também, obviamente). Um tiozão que estava lá atendendo ainda não me conhecia e deixou escapar que no próximo domingo chegariam alguns poucos Wiis. Algumas pesquisas nos levaram a descobrir que uma loja maior - o BestBuy - receberia também no mesmo dia, porém seriam mais de cinquenta aparelhos. Já tinhamos o que fazer no dia. <br /><br />No sábado que antecedeu o domingo (...), decidimos, para não perder a talvez última oportunidade de conseguir comprar, passar a noite em frente a loja. É. No lançamento do Playstation 2, lembro-me de ter visto em uma revista centenas de japoneses acampando do lado de fora para conseguir o seu aparelho. Na época achei loucura.<br /><br />Fim da parte I - Provavelmente demorarei para postar a II.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-21031640438844737242007-06-28T11:24:00.000-07:002007-06-28T11:34:12.716-07:00Semiose inóspitaA partir das instâncias perceptíveis, fica evidente que os pressupostos inválidos servem, em suma, para denegrir a imagem rebuscada do inter-locutor. Não obstante, a singularidade das congruências fica aquém do esperado, trazendo a tona toda a imparcialidade generalizada obtida. No caso, a socialização maniqueísta leva uma carga cultural ímpar e obscura, calcada nos conceitos neo-darwinianos da era interativa-digital. Junte isto ao introspecto uníssono e terá em mãos a miríade essencial da sociedade cosmopolita do século XVIII.Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-38688879188749767802007-06-21T07:51:00.000-07:002007-06-21T07:58:37.548-07:00CanibalismoEis a descrição da comunidade "Odeio Publicitários" no Orkut:<br /><br />"Publicitários afetados são a pior raça do Universo. Eles se acham os melhores seres do mundo e realmente pensam que são os donos da verdade. Tudo chega ao extremo do ridículo quando eles descobrem que podem formar opinião, porque 90% deles não sabe fazer isso direito. É por isso que o mundo de hoje é uma merda."<br /><br />É. O Orkut não é lá a melhor referência para citações, mas de vez em quando surge algo aproveitável lá.<br />Infelizmente.Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2238419960377027586.post-48074962200035359442007-06-13T09:36:00.000-07:002007-06-13T10:40:46.038-07:00Comodismo ou oportunidade?Eu gosto bastante da Rolling Stone. Não sou envolvido nem um pouco com música, mas acho uma leitura interessante. <br />Vejo, em várias matérias, uma linguagem imparcial, algo raro em qualquer meio jornalístico (embora volta e meia a parcialidade fica bastante evidente. Ou não, posso só estar falando um monte de merda sem saber.)<br />Mas a capa da edição do mês passado me intrigou. A princípio, me empolgou como a maioria das capas (Ver ícones da cultura pop na capa de uma revista que é um destes ícones me extasia. Sou o único?)<br />Uma breve pesquisa no Google me levou a uma Rolling Stone americana, cuja capa traz, assim como a edição de maio da brasileira, o nosso amigo Darth Vader. A diagramação é a mesma, os recursos gráficos os mesmos (vide bloco azul e chamada na parte superior).<br />Não estou reclamando ou criticando, nem desmerecendo a revista, até porque o momento para as matérias foi oportuno (30 anos de Star Wars). Mas bem que podiam dar uma caprichada a mais. Uma capa diferente, nem que fosse uma cor de fundo que não o branco, e até uma diagramação diferente. Eu vejo duas leituras: ou eles foram comodistas e pegaram "uma capa da revista americana que tenha algo sobre Star Wars" ou então foram sábios o suficiente para saber aproveitar uma capa bem produzida e com um apelo pop forte.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLglVJ6KTPSJCp0mJaK0PYjTPV-al3Dl7Pj5CLZF68mFWdJnwcLJxHnNPmUs4Z-U5qf4iTy3FjIHWTPgWib5fW-fWp1r9gN0UhQw5711BZK9okWgbW8S9RM3aeowJdFp6XNrSQzVNJyZg/s1600-h/vader.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLglVJ6KTPSJCp0mJaK0PYjTPV-al3Dl7Pj5CLZF68mFWdJnwcLJxHnNPmUs4Z-U5qf4iTy3FjIHWTPgWib5fW-fWp1r9gN0UhQw5711BZK9okWgbW8S9RM3aeowJdFp6XNrSQzVNJyZg/s320/vader.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5075603526740168402" /></a> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFW77pXD9dtun8VFhjJ2KI_iKp7fszoxB2DSwLK8lwaSnn4bhxPd0BvKJi4qjqAgTGQS1MdgKjKjPqyFl90khrtFL8qcdt1Ql955DX_WhRzA_5enn0tm9Ijs0m0RTjkcpHOGW_vIbE2VA/s1600-h/8897175-10715485-slarge.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFW77pXD9dtun8VFhjJ2KI_iKp7fszoxB2DSwLK8lwaSnn4bhxPd0BvKJi4qjqAgTGQS1MdgKjKjPqyFl90khrtFL8qcdt1Ql955DX_WhRzA_5enn0tm9Ijs0m0RTjkcpHOGW_vIbE2VA/s320/8897175-10715485-slarge.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5075603835977813730" /></a><br /><br />Não sei com qual alternativa ficar, mas pra comparação, ficam as capas da edição brasileira e americana com a nossa querida Gisele, que muitos acham sem sal, magricela, meia-boca, mas que eu acho uma coisa :)<br /><br /><a href="http://oglobo.globo.com/fotos/2006/10/17/17_MVG_cult_gisele_dentro_d.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px;" src="http://oglobo.globo.com/fotos/2006/10/17/17_MVG_cult_gisele_dentro_d.jpg" border="0" alt="" /></a> <a href="http://imagesource.allposters.com:80/images/pic/RSPOD/RS849A~Gisele-Rolling-Stone-no-849-September-2000-Posters.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px;" src="http://imagesource.allposters.com:80/images/pic/RSPOD/RS849A~Gisele-Rolling-Stone-no-849-September-2000-Posters.jpg" border="0" alt="" /></a>Unknownnoreply@blogger.com2