Tratado sobre CREEEE---CK
Esqueça Carandiru, desconsidere Alcatraz.
A maior prisão do homem contemporâneo e digitalizado é o monitor. Tudo bem, talvez não do homem como sociedade. Mas é a minha prisão, pelo menos.
Parece ser inversamente proporcional: quanto maior a minha vontade de me livrar desta superfície vertical reluzente, menor a minha chance de escapatória.
Se Golias fraquejava com criptonita (...), a minha sina é perder meus poderes (por favor, isso é uma metáfora, quem sou eu para ousar ter poderes?) por conta dessa maravilha tecnológica e consumidora de recursos naturais.
É um mal que me persegue, afinal necessito de micro-processadores para o meu ofício diário. Eu bem que poderia me beneficiar apenas de um lápis número dois e uma folha de papel A4, porém estes não têm o mesmo apelo estético, interativo e comunicacional que os computadores atuais. Mas tá, a questão não é esta.
A cada nano-segundo em que me coloco de frente para o monitor, minha condição física vai por água a baixo. Meus olhos ardem, sinto tonturas constantes e dificuldade de concentração. É uma prisão devastadora, suga a minha energia vital como um dos Dementadores (é, aqueles do Harry Potter). Oito horas diárias obrigatórias são difíceis. Tento me desvincilhar do maquinário pegando livros e revistas, porém o tempo dedicado a eles não é o suficiente para enganar o meu corpo. É como nadar conta a correnteza, não adianta nada eu já estar com os sintomas e então partir para leituras palpáveis.
"Ah, mas então comece o dia já lendo. Fique meia hora no computador e leia mais um pouco. Continue assim até o fim do dia."
Não adianta. Às vezes simples 5 minutos são o suficiente para me incomodar pelo resto do dia. O mais emocionante é quando após as 8 horas diárias e obrigatórias, vejo-me diante de outra tela, porém agora na faculdade.
Mas não seria uma prisão digna da terminologia se não houvesse a tortura. Equivalente aos métodos medievais da época medieval (...), o teclado contribui em peso para o meu sofrimento. É, essa maquininha digital de digitar faz coisas que até Pazuzu duvida. Minha mão já deve estar em estado terminal, de tanto que eu digito. Pode ser negligência minha, afinal é sempre bom fazer exercícios com a mão (sem malícias).
O teclado disponível para mim foi criado por uma empresa que com certeza fez pactos e contratos com algum gigante da fisioterapia. Após 6 meses de uso constante, a situação da mão do indivíduo deve ficar em tal estado que as únicas alternativas devem ser sessões fisioterápicas intensivas ou amputação dos membros, seguida de atos forçados de canibalismo. Vai construir teclas pesadas assim na putaquetepariu!
Acho que preciso de óculos.
Mas antes vou ali no 1,99 comprar aquelas bolinhas de apertar.