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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Arrependimento

Caminhar por aquelas bandas me doía. A lembrança da textura da grama mal cuidada era fresca, assim como a tinta outrora renovada dos corrimões logo à frente. Hoje, a tinta já havia descascado, expondo ao mundo a avassaladora ferrugem; porem a minha ferrugem eu escondia. Não tinha coragem de deixar transparecer o quão danificado eu estava, seria um sinal de fraqueza, e isso eu não me dava ao luxo de demonstrar. Mas ali eu estava sozinho. Poderia fraquejar, nem que fosse por um mísero momento. No entanto, eu saberia que havia me traído. Segurei o aperto em minha garganta e tentei transformar tais lembranças em sorrisos. Sorrisos funestos, em um saudosismo masoquista e desnecessário, mas ainda sorrisos. Contemplei, sentado na grama, aquele que fora o nosso lugar durante anos. Adormeci e sonhei que não havia aberto mão de tudo. Que ainda tinha a sua companhia e que tudo continuava intocavelmente perfeito. Debaixo da chuva, virei para o lado e me fiz de cego, ignorando o que sentia, apenas me enganando de que não havia lágrimas de arrependimento junto com a as gotas que molhavam o meu semblante.

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