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domingo, 9 de agosto de 2009

Quatro da manhã

a ebriedade é uma dádiva dos deuses alcoolizados, bezuntado em maizena e fósforo acético rsrsrs

nunca antes um ipod sentiu tanto tesão em presenciar uma infante desnuda... a capa do cd novo do pink floyd excitou-se com a tamanha desventura endurescente da pequena ninfeta... pênises eretos

o lado negro da lua é a constatação da perversidadde humana, permeada por inúmeras atrocidades bucólicas, com a circuncisão efêmera que é a vida pacata dos eternos transeuntes famintos por excremento.

EEstou b?êbado.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Trilogia Ébria - Parte I – Imutável e inconsequente.

Dentre todas as possibilidades, a mais absurda se concretizou. Após mais uma semana de intenso labor, os ânimos se encontravam desgastados para o nosso protagonista. Hideo, um simpático descendente de japoneses, contava os minutos para as dezoito horas, momento onde deixaria o seu cubículo infestado de tristeza e papéis para jogar fora - pelo menos temporariamente - as algemas do mundo corporativo. A companhia nefasta de seu gerente de vendas nada mais seria do que uma lembrança inconveniente em seu breve momento de lazer, mas isso não seria um problema.

Exatamente às seis horas da tarde Hideo recolheu seus pertences, desligou seu computador já amarelado devido ao desgaste e se dirigiu a saída do escritório onde trabalhava, sem nem ao menos se despedir de ninguém. Sentia repulsa só de imaginar que teria de ouvir aquelas vozes insuportáveis na próxima semana. Mas agora era o momento para esquecer tudo. As reuniões infindáveis e supérfluas, a fadiga, a constante sensação de estar perdendo momentos preciosos de sua vida, tudo ficaria para trás. Agora era a hora de confabular e bebericar com seus confrades, escudeiros da esbórnia semanal.

Eram um grupo de ébrios, boêmios, arautos da intelectualidade senil. Suas facetas se revelavam a cada copo de cerveja, mostrando o vigor e a vivacidade que inexistiam quando presos ao cinza das obrigações frívolas que exauriam quaisquer traços de felicidade. O cotidiano se fazia distante quando inebriados pelo mais puro lúpulo, cevada e malte. Acompanhando Hideo estavam Jorge, Frederico e Kleber, amigos de longa data que cultivavam interesses em comum, em especial o apreço pela degustação descompromissada dos finais de semana. Suas histórias entretinham ouvintes, que, incrédulos com tamanhas peripécias, se sentiam influenciados pelos trovadores embriagados. Por muitas vezes lembravam-se de quando que encantavam raparigas, desafiavam autoridades, matutavam sobre assuntos diversos e submetiam suas vidas ao perigo mortal. Sim, perigo mortal, caros leitores.

Não foram poucas as vezes que se viram em situações que poderiam findar suas vivências. Houve aquela em que, após duas garrafas de vodka, decidiram se dirigir ao parque de diversões que se alocava no terreno baldio no subúrbio da cidade para demonstrar suas habilidades nos carros de choque. Apesar da velocidade controlada o grupo conseguia desafiar a foice da morte, expondo seus frágeis corpos a possíveis fraturas ao deitarem nas áreas de impacto dos carros enquanto seus parceiros os guiavam freneticamente em direção a qualquer objeto em seu caminho. Quando os controladores do brinquedo percebiam o que estava a acontecer já era tarde demais. Sempre alguém acabava por rasgar algum membro de seu corpo, porém o fim da vida não os encontrava. Outra vez, depois de terem ingerido uma solução etílica que consistia de tequila, álcool de cozinha e cachaça artesanal, penderam um trator - que haviam furtado em uma fazenda nos arredores da cidade - em um barranco enlameado, deixando-o suspenso a uma altura de doze metros. Riam e bradavam, ao passo em que o veículo titubeava em direção ao chão pedregoso. No último instante saltaram para o chão, assistindo ao infortúnio do maquinário de outrem. Mas o maior perigo vivido até então se dera na noite de hoje, após a infindável semana laboriosa.

Com a percepção alterada devido ao consumo excessivo de inúmeras bebidas alcoólicas, a ideia de danificar cabos condutores de eletricidade parecia adequada a uma noite calma e tediosa como aquela. Dirigiram-se à estação central da cidade, driblaram a segurança pífia e seguiram para os geradores principais furtivamente. Apesar de seu estado calamitoso, o grupo conseguiu manter a discrição ao adentrar o perímetro da estatal. Frederico, o mais velho do bando, tomou a dianteira e encontrou um painel que julgou ser indispensável para o funcionamento da estação. De fato estava correto, visto que, ao arrombar a portinhola que protegia o equipamento e banhá-lo com cerveja quente, o mesmo gerou uma queda de energia nos arredores. Hideo, em seu ímpeto embriagado, seguiu ao cabo de luz mais próximo que encontrou e o puxou, arrebentando-o com facilidade, já que o fio escolhido possuía uma espessura irrelevante. Parte dele continuava afixada no gabinete em que se encontrava a altura do peito de Hideo, e a outra jazia a dois passos de distância. A falta de energia agora açoitava a muitos, porém para os arruaceiros aquele momento era o esplendor da excitação inconsequente e sem causa. O grupo se encontrava disperso, cada um vandalizando à sua maneira. Nem parecia o grupo que, noites atrás, se contentava com algumas garrafas de cerveja e discussões acaloradas sobre filosofia, existencialismo e culturas diversas. Após alguns instantes de arruaça solitária, se encontraram novamente no painel encharcado por cerveja. Kleber trazia em seus braços um vira-lata morto, já em estado de decomposição, fétido e asqueroso, e o jogou no chão entre os outros rapazes. Ele não conseguia disfarçar o prazer em profanar o pobre canídeo. Jorge e Frederico sentiram repulsa com a atitude de Kleber, porém Hideo compartilhou do regozijo funesto de seu comparsa.

Em uma atitude que deixaria ativistas indignados, o nipônico recolheu o corpo inanimado do cachorro e o levou até a parte do cabo que se encontrava fixa no painel inutilizável. Abriu a boca do animal e, grosseiramente, enfiou na garganta o cabo que ali pendia, enquanto buscava a outra parte para fincar no esfíncter retal do cadáver em suas mãos. Hideo gargalhava e brincava com o corpo que balançava preso em suas extremidades. Frederico e Jorge ficaram aterrorizados com as atrocidades de seu amigo, que sempre demonstrou educação impecável, mesmo quando em um estado deplorável devido à bebida. Parecia possuído por alguma entidade diabólica, porém eles sabiam que não era o caso, por desacreditarem em fantasias mundanas. Enquanto Hideo dava tapas no animal, os outros rapazes perceberam uma movimentação ao longe e ficaram em estado de alerta. Viram um vulto por entre a bruma e empalideceram, prevendo o futuro próximo, onde seriam capturados e presos por baderna e destruição de bens públicos. No entanto, suas previsões estavam foscas como a neblina, e nem se equiparavam com o que estava por vir. O japonês ignorou os avisos de seus companheiros e continuou a desrespeitar o defunto decomposto do cão, desta vez fazendo furos e rasgos na pele com seu canivete suíço. No exato momento em que Hideo fincou o objeto na garganta do cachorro, um estouro de proporções colossais o fez cair ajoelhado no chão, incapaz de gritar ou de esboçar qualquer reação, como por exemplo, largar da lâmina em que segurava. A energia havia voltado na região, graças à conexão canina feita pelo bêbado. Seu azar foi estar em contato com o corpo condutor no momento em que a eletricidade retornou. Os olhos cerrados do oriental estavam esbugalhados, o globo ocular adquiriu tonalidades rúbeas e seu corpo se contorceu de modo avassalador. Faíscas reluziam o ambiente e fumaça saía por todos os poros de Hideo. Estava carbonizando na frente de seus amigos, impotentes perante a terrível situação. O show de horror findou quando os ébrios restantes viram uma caixa de madeira voando por cima de suas cabeças e acertando o que antes era um vira-lata. O cabo se soltou e a energia não teve mais por onde ser conduzida. Tanto o cão quando o humano estatelaram no chão com um baque surdo. Não havia o que fazer, não havia quem salvar. Hideo estava morto, carbonizado em frente aos seus amigos.

Três guardas noturnos chegaram ao local da tragédia e imediatamente renderam os companheiros do finado, sem nem se preocuparem com o corpo que jazia e chamuscava logo à frente. Morto é morto, e os vivos é que têm que ser punidos. Tinham destruído um patrimônio do estado, e levado ao breu centenas de milhares de pessoas, causando prejuízo a empresas, entidades públicas e propriedades privadas. Apesar de não existirem registros fílmicos dos vândalos adentrando a estação, tinham sido pegos em flagrante, dificultando as chances de saírem inocentados. Kleber, Jorge e Frederico estavam estupefatos, petrificados diante da imagem de um Hideo irreconhecível. Logo ele, o autor de inúmeras peripécias, arauto do ufanismo ébrio, morto. Boa parte de suas histórias tinham início a partir das ideias do oriental, sempre descompromissadas, mas garantindo entretenimento durante toda a noite. A “sociedade destilada” estava desfeita. Havia, naquele momento, virado cinzas, assim como um de seus mais entusiasmados participantes. A incredulidade assolava aos rapazes de forma tão devastadora que nem perceberam a sua chegada à delegacia. Suas vidas haviam chegado ao fim. Hideo os fitava, impotente.

Termina aqui a primeira parte da Trilogia Ébria. Em breve, o segundo capítulo, dando um novo enfoque à narrativa. Aguardem.

domingo, 12 de julho de 2009

Domingos de Fé

rodrigo diz:
wassap
Kari diz:
suuup nigger
rodrigo diz:
o que nos traz nessa linda manhã dominical?
foi à missa, suponho
como de costume, certo?
Kari diz:
Com toda certeza, fui orar para jesus nosso senhor e lhe entregar o dizimo como sempre, quero ter uma boa casa quando eu for para o céu.
rodrigo diz:
ah, minha cara! compartilho de tais anseios
Kari diz:
Fico feliz irmão, logo jesus retornará e todos os incrédulos pagarão por não ter fé
E nós fiéis todos estaremos no aconchego de nosso senhor bom Deus
rodrigo diz:
de fato
os pagãos hão de sofrer sob a ira do Senhor
e Ele não hesitará em exterminar os hereges
Kari diz:
HAHAHAHAHHAHAHAH okay chega
to ficando com medo já
rodrigo diz:
ahfusdhusae
Kari diz:
conversa mais que produtiva
rodrigo diz:
vou postar no meu blog, ok?
xD

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Consequências da inconsequência.

Texto feito com base no tema proposto pela Flávia.

Era início de primavera. Para muitos, isto significa a renascença da alegria, mas para Seu Aldo Schroeder significava dinheiro no bolso. Ele possuía uma singela barraca de cachorro-quente, que garantia o seu sustento e o de sua família. Trabalhava arduamente de terça a domingo, sempre no período da noite, arrastando-se até a madrugada. Suportava frio intenso, transeuntes mal-intencionados e rapazes ébrios recém-saídos de noitadas inconseqüentes. Mas continuava lá, firme e forte com suas latas de milho verde e pacotes de farofa. Mas na primavera a história era outra.

Na última semana de setembro iniciavam-se os joguinhos abertos da principal universidade das redondezas. Centenas de jovens acadêmicos da faculdade Clemente Santino se reuniam para participar das competições amistosas entre os cursos, intensificando o movimento no campus. Era nesta época do ano que Seu Aldo se retirava de seu ponto fixo na movimentada avenida no centro da cidade para se instalar nas redondezas do ginásio universitário. Deixaria de lado os mendigos e os embriagados para, durante duas semanas, quintuplicar o seu faturamento diário às custas de afortunados e cheirosos jovens estudantes.

Chegou logo pelo início da manhã, na expectativa de começar a angariar fundos desde cedo, o que foi um equívoco de sua parte. As festividades esportivas só teriam início no horário da tarde. No entanto, pôde observar uma movimentação peculiar próximo a reitoria. Centenas de jovens confabulavam em frente ao prédio, aparentando um certo agito. Faixas estavam expostas e grupos distintos se identificavam usando camisetas de cores semelhantes. Seu Aldo não conseguia identificar com precisão o que constava em tais faixas, devido à sua idade avançada, mas concluiu ter relação com os jogos estudantis. Assentou-se à sombra de uma árvore próxima, de corpo imponente e frutos em fase de desenvolvimento. Instalou ali o seu humilde carrinho, com calma e simpatia. Cumprimentava os jovens que ali transitavam com um carinho quase fraterno, digno de um amável avô. Em poucos minutos os cães abandonados que na universidade circulavam já estavam fazendo companhia a Seu Aldo.

O som de buzinas a gás e o cântico uníssono dos jovens animava o vendedor, assim como o agito das faixas e os batuques em sincronia. "Vivazes estes infantes",pensou. Fazia muito que seus netos não o visitavam, o que lhe entristecia imensamente. Sentia falta das risadas e dos choros daquelas que um dia foram suas crianças. A juventude os atingiu e os fizeram esquecer de seu avô, para seu infortúnio. Estar ali, naquela universidade, presenciando tamanha energia, o fazia se sentir nostálgico em relação a algo que nunca pôde experimentar. A lágrima que escorria em seu rosto enrugado não tinha como ser definida: era um misto de tristeza e alegria. Estar tão próximo da juventude o fazia se sentir mais jovem. Lembrou dos tempos onde a insegurança e a incerteza o assolavam, e tinha de enfrentar tudo sem saber para onde ir. Lembrou da primeira namorada, das ideologias, das expectativas e do ímpeto insaciável de conhecer o mundo. Abriu o pacote de salsichas congeladas.

Após alguns minutos de preparo em água fervente, o odor característico do alimento começou a se espalhar pelo ambiente, naturalmente atraindo a atenção da massa nas proximidades. Seu Aldo ficou espantado com a reação dos estudantes: estavam todos inquietos, parecendo em transe. "Durante anos passei noites e noites me esforçando para me manter vendendo na noite sem nunca perceber que este lugar era uma mina de ouro!", refletiu. Ficou estupefato com o aparente sucesso de sua culinária urbana e começou a separar as moedas para distribuir os trocos. A multidão alvoroçada se dirigia à barraca do velho Schroeder, quando de repente o som ensurdecedor de um estridente apito ecoou sobre as cabeças que ali se encontravam.

Todos que ali estavam ficaram imóveis, fazendo Seu Aldo indagar o que poderia estar acontecendo. Do meio do aglomero surge um jovem de estatura média-alta, calças jeans surradas, camiseta preta e óculos com aros quadrados. Sua barba estava por fazer, encobrindo boa parte de seu rosto, assim como suas madeixas despenteadas. Ele caminha em direção a Seu Aldo de forma austera, enquanto todos o observam com atenção. "Bom dia, meu filho! Gostaria de um cachorro-quente?", pergunta ao jovem, com desmedida afetuosidade. "O senhor está maluco?", questiona pausadamente o jovem rapaz. O velho senhor fica perplexo com a audácia do estudante, e emudece tamanha a surpresa. "O que diabos você pensa que está fazendo aqui? Não tens noção do inconveniente?", continua. "Meu filho, o que lhe fiz de errado?", tenta apaziguar. O acadêmico vira para a multidão calada, esboça um sorriso irônico e se vira novamente ao vendedor, tomando de suas mãos um pão com salsichas e jogando-o no chão. O alimento ali esfacelado significava dois reais a menos para o esforçado trabalhador, mas isto pouco importava para todos ali presentes.

"Seu velho tolo e ignorante!" bradava ferozmente o descontrolado jovem. "É por causa de pessoas como você que o mundo em que vivemos está para entrar em colapso", continuou. "Você tem noção da quantidade de animais mortos que foram necessários para transformar isto que você chama de comida?". Suas veias saltavam, a saliva era expelida em grandes quantidades e seus olhos negros estavam inquietos. "Frangos, porcos, e sabe-se lá o que mais! E os corantes? Este lixo industrial é um veneno pra nós e pra natureza! A energia despendida pra produzir isto é algo que nem consigo imaginar!" Seu Aldo ficou petrificado, sem entender o que estava acontecendo. Tentou recuperar a calma, e logo buscou, com serenidade, seu par de óculos. Colocou-os pacientemente e olhou novamente ao seu redor. Arrependeu-se imensamente de ter escolhido se assentar naquele lugar ao descobrir que tamanho alvoroço era referente à uma manifestação do grupo vegetariano da universidade. Os acadêmicos descobriram recentemente que toda a carne utilizada nos restaurantes da instituição provinha de abatedouros clandestinos, o que foi o estopim para as manifestações, que haviam se iniciado naquela manhã. A mesma manhã em que Seu Aldo tinha escolhido para lucrar um pouco mais.

"Meu filho, me desculpe, não quis provocá-los", implorou o velho. A multidão não conteve as risadas e os batuques frenéticos. O jovem barbado e desleixado, que sem dúvida era o manifestante líder naquela situação, se aproximou do senhor e fitou-o agressivamente. Questionou: "Você está me achando com cara de palhaço?". Seu Aldo não conseguia disfarçar o nervosismo, não havia ninguém ali para lhe dar suporte. Nada de seguranças ou policiais. Ele só queria ir embora dali. "Sugiro que o senhor dê uma bela pesquisada em salsichas vegetarianas, sabe?", desdenhou o impetuoso ativista. "Além de mais saudáveis e ecologicamente corretas, tem um gosto melhor", continuou, derrubando no chão a panela repleta de água quente e salsichas. Seu Aldo cambaleou para trás na tentativa de fugir de possíveis queimaduras. Logo após o ato do jovem, vários outros estudantes avançaram e começaram a destruir a barraca de cachorro-quente. Os sons das buzinas e dos gritos, que antes energizavam Seu Aldo, agora o amedrontavam. Estava impotente perante a barbárie do futuro da nação. Após poucos minutos, nada mais restava além de metal retorcido e alimentos pisoteados. O líder dos manifestantes era ovacionado e erguido constantemente pelos outros jovens, sendo jogado para cima em uma celebração da incoerência.

Logo em seguida, o som das sirenes se aproximou, resultando na evacuação imediata do local. Faixas, latas de buzina e instrumentos musicais foram largados no meio da rua, fazendo companhia à barraca destroçada e ao pobre velho que jazia inconformado no meio-fio. Logo à sua frente, visualizou uma carteira abandonada. Pegou-a para tentar, talvez em vão, usá-la como evidência para os policiais que chegariam em breve. Indescritível foi o seu susto ao identificar ninguém menos que o jovem que há poucos minutos o insultava sem chance de defesa. Outra lágrima apareceu, mas desta vez ele tinha certeza que era apenas de tristeza. Não pôde acreditar ao ver o nome naquele documento: Aldo Schroeder Neto.

quarta-feira, 4 de março de 2009

A arte de não ter nada para escrever.

Imagino se os clássicos da literatura iniciados com o conhecido "era uma vez..." não tenham sido criados ao acaso e nas coxas, sem ter sido necessariamente uma idéia pré-concebida. Digo isso porque há dois minutos atrás eu não fazia idéia sobre o que escreveria, e adivinha como eu iria começar o texto? "Era uma vez..."

Não que eu esteja me comparando aos grandes literatos de outrora, pelo contrário. Estou passando por uma das piores fases de atrofia cerebral, onde o meu senso crítico está cada vez menos apurado, sinto-me incapaz de fazer análises profundas a respeito de algo e até me indago sobre a escrita de palavras simples, tendo de consultar o querido e estimado google constantemente. Devo isso a alguns fatores em especial:

- Falta de leitura. Sempre tive o prazer de ler, apesar de não cultivar tal atividade como gostaria. Porém, desde a metade do ano passado, rendi-me à leitura preguiçosa, de fácil digestão. Culpa da internet? Culpa minha.

- Intensificação da vida social e ébria. Existem momentos e momentos. Em alguns deles, queremos passar o dia de pijama, estudar e constituir uma família. Já em outros, queremos a libertinagem, a futilidade e porque não a promiscuidade. Ao momento, eu me encaixaria no segundo padrão. Não que eu esteja passando as minhas noites injetando drogas e participando de bacanais com transsexuais, mas confesso que estou dando prioridade às garrafas de heineken e não aos livros.

- Redenção ao trabalho escravo. Em meus empregos anteriores, sempre pude tirar meia horinha para masturbar a minha mente com textos supostamente bacanas à primeira vista, mas vazios em sua essência, disfarçados por uma construção estrutural aparentemente satisfatória. Hoje em dia é raro eu ter este tempo, visto que a demanda de anúncios pendentes a chegar em minha mesa aumenta em progressão geométrica. Levando em consideração que todo blogueiro que cria seus próprios textos se considera um "gerador de conteúdo", deixei de o ser faz tempo. Hoje, nada mais sou do que um publicitário automatizado, uma mera máquina criadora de anúncios, sem uma abordagem intelectual em meus trabalhos. Um peão da propaganda, trabalhando na linha de produção, sem o "glamour" da criação de novas idéias e conceitos para inspirar consumidores, mas sim gerando materiais como se fossem lanches de uma cadeia de fast-food. Existem várias opções de lanches, mas em sua essência são todos basicamente os mesmos.

São textos como este que você acabou de ler que me fazem pensar sobre determinadas obras clássicas humanidade (mais uma vez: pelamordedeus, não pensem que estou me comparando a algum autor relevante. Este é um texto inútil em um blog medíocre que ninguém lê). Não necessariamente Nietzsche tenha criado "O anticristo" com tal idéia em mente. Pode ser que, em uma bela manhã ensolarada de domingo ele tenha puxado uma folha qualquer e, de ressaca, tenha escrito: "Era uma vez um anticristo". Ok, péssimo exemplo. Horroroso exemplo. Mas tenha quase toda a certeza de que com LOST foi assim. :D

Ps: reparem como no último parágrafo usei argumentos pífios, demonstrando cansaço e desgaste do autor. Eliminar a preguiça mental é um trabalho árduo, amiguinhos. Um dia eu chego lá.